### Economia da Energia: A Usina Hidrelétrica de Katende como Pilar da Transformação Econômica
O retorno com força das obras de construção da usina hidrelétrica de Katende, em Kasaï Central, não se limita a uma simples retomada de um projeto suspenso. É o símbolo de uma revitalização energética que pode dar novo fôlego a uma região em busca de desenvolvimento econômico. Vamos avaliar de uma nova perspectiva o impacto desta iniciativa em todo o cenário socioeconômico congolês, bem como seu potencial para servir de modelo para outros investimentos em infraestrutura na África.
#### Uma estratégia de financiamento sem precedentes
A escolha do governo congolês de financiar o projeto diretamente por meio do tesouro público revela um desejo de contornar os obstáculos burocráticos frequentemente encontrados em projetos de grande escala na África. Este modelo reflete a conscientização da necessidade de acelerar os processos de tomada de decisão para atender às necessidades energéticas urgentes. Em comparação, o modelo tradicional de financiamento por organizações internacionais, embora às vezes essencial, pode causar atrasos significativos, muitas vezes prejudiciais ao andamento dos projetos.
Em 2021, um estudo do Banco Mundial descobriu que 40% dos projetos de infraestrutura na África sofrem atrasos de pelo menos 12 meses devido à burocracia excessiva e à falta de coordenação entre entidades governamentais. Ao optar pelo financiamento direto, a RDC está dando um passo pioneiro que pode atrair outros investidores ansiosos por ver resultados concretos na prática.
#### Rumo à autonomia energética regional
A usina de Katende, com capacidade inicial de 16 MW, pode mudar a dinâmica energética de toda a região do Kasaï Central. Considerando que a taxa de acesso à eletricidade na RDC é de cerca de 19%, de acordo com o relatório de 2022 das Nações Unidas, o comissionamento desta usina terá repercussões não apenas nos assinantes diretos, mas também em toda a economia local. De fato, a eletricidade permite a operação de pequenas e médias empresas (PMEs), que muitas vezes são negligenciadas nos planos de desenvolvimento energético.
Além disso, a entrega de 67 km de linhas de transporte para Kananga constitui um grande passo à frente. Essa infraestrutura não apenas transporta eletricidade, mas também pode facilitar a movimentação de bens e serviços em uma região onde o isolamento geográfico tem sido um freio à atividade econômica. Em comparação, a infraestrutura de transporte na África Subsaariana é frequentemente subdesenvolvida, dificultando o comércio e a industrialização. O custo do transporte na RDC é alto, representando cerca de 30% do preço dos bens de consumo, em comparação com uma média de 10% nos países desenvolvidos.. Melhorar o acesso à energia durante o desenvolvimento da infraestrutura rodoviária e ferroviária pode, portanto, desempenhar um papel fundamental na redução de custos.
#### Empregos e desenvolvimento local: um círculo virtuoso?
A conclusão da usina hidrelétrica também traz empregos. A criação de empregos diretos durante a construção, seguidos de empregos indiretos em setores relacionados, como agricultura, artesanato e comércio, ilustra um modelo de desenvolvimento inclusivo. Um estudo do Banco Africano de Desenvolvimento descobriu que um aumento de 10% no acesso à eletricidade em uma região pode levar a um crescimento de 1,5% no PIB local. Assim, a usina de Katende não deve apenas fornecer eletricidade, mas catalisar um verdadeiro impulso ao crescimento econômico, criando empregos para milhares de pessoas.
#### Um modelo para o futuro
O sucesso do projeto Katende pode servir de referência para outras iniciativas no continente, provando que financiamento público adicional e uma abordagem colaborativa podem fazer a diferença. A transição energética não exige apenas investimentos em infraestrutura, mas também uma governança ousada e uma visão de longo prazo, voltada para o bem-estar dos cidadãos.
A usina de Katende representa, em última análise, um modelo a ser seguido pelos países africanos que aspiram ao crescimento sustentável. Ao integrar políticas energéticas de longo prazo em suas agendas de desenvolvimento econômico, essas nações poderiam não apenas melhorar sua autossuficiência energética, mas também aumentar as oportunidades para suas populações.
Assim, a RDC, através da central hidroeléctrica de Katende, está a fazer a escolha ousada de investir no seu futuro, e isto com um sinal forte: a energia é o motor da transformação. Aprender com essa experiência pode ser essencial para outros países da região à medida que embarcam em sua própria jornada rumo à prosperidade sustentável.