**Celebração do Natal no Cairo: um símbolo de unidade e diálogo inter-religioso**
O dia 25 de dezembro de 2023 marcou um dia memorável para os cristãos coptas do Egito, por ocasião da Missa de Natal, presidida por Sua Santidade o Papa Tawadros II na Catedral da Natividade da Nova Capital Administrativa. Este evento crucial não se limita a uma simples celebração religiosa, mas também encarna as aspirações de unidade, paz e coexistência harmoniosa num Egipto que enfrenta desafios internos e externos.
O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, juntou-se às celebrações, enfatizando a importância de unir diferentes confissões religiosas num país onde o Islão e o Cristianismo existem lado a lado há séculos. A sua presença num local tão simbólico como a Catedral da Natividade não é puramente protocolar, mas também marca uma vontade de cimentar os laços entre o Estado e as instituições religiosas. A sua mensagem de votos de um ano próspero, acompanhada por uma atenção especial à saúde e ao bem-estar de todos, deve ser vista no quadro mais amplo dos esforços do governo para reforçar a tolerância religiosa.
Para compreender melhor este acontecimento, é fundamental colocá-lo em perspectiva. O Egipto, com a sua população de 104 milhões de habitantes, é predominantemente muçulmano, mas o coptismo, que representa entre 10% e 15% da população, desempenha um papel crucial no tecido social do país. Os coptas não são apenas uma minoria religiosa, mas também um ator importante na cultura e na economia egípcia. Neste sentido, a sua consideração durante as grandes celebrações constitui uma oportunidade para o governo apoiar e mostrar o seu compromisso com a diversidade religiosa.
A análise do contexto sócio-político egípcio também destaca a importância destas celebrações. Desde a revolução de 2011 e a turbulência que se seguiu, o país tem enfrentado desafios sem precedentes, incluindo ataques sectários contra a comunidade copta. A promessa de diálogo inter-religioso e de coexistência pacífica torna-se ainda mais crucial neste cenário complexo.
As declarações do Papa Tawadros II durante a missa também podem ser interpretadas como uma tentativa de promover um clima de tolerância e unidade. Ao apelar não só à paz para os fiéis da sua própria comunidade, mas também a uma mensagem de esperança para todos os egípcios, o Papa demonstra que, para além das diferenças religiosas, os valores comuns podem ser apresentados como fundamentos de uma sociedade unida.
Estatisticamente, a participação nestas celebrações aumenta constantemente. Em 2023, a missa de Natal teve público recorde, com milhares de participantes no evento. Isso diz muito sobre a importância dos ritos religiosos como elementos estabilizadores e unificadores na sociedade egípcia contemporânea. As mídias sociais e as plataformas digitais também desempenham um papel na disseminação de mensagens positivas, permitindo que as comunidades compartilhem suas experiências e desejos neste dia festivo.
Também é relevante explorar o impacto econômico dessas celebrações. Eventos religiosos no Egito, especialmente aqueles envolvendo figuras influentes como o presidente e o papa, não apenas atraem multidões de fiéis, mas também geram um fluxo de turistas interessados na riqueza cultural e religiosa do país. Esforços para promover o turismo religioso podem ajudar a revitalizar a economia debilitada do Egito após anos de turbulência política.
Concluindo, a Missa de Natal presidida pelo Papa Tawadros II representa muito mais do que uma simples celebração religiosa. Ela incorpora esperanças de coesão social e diálogo inter-religioso, ao mesmo tempo em que ilustra o papel fundamental que as comunidades religiosas desempenham no desenvolvimento de uma identidade nacional inclusiva. Enquanto o Egito enfrenta tempos incertos, esses momentos de solidariedade e unidade são essenciais para construir um futuro melhor. O desafio continua sendo continuar esse diálogo além das festividades, transformando essas mensagens de paz em ações concretas para o bem de todos.