No centro de um importante processo judicial, Saïd Naciri, ex-presidente do famoso clube de futebol marroquino Wydad de Casablanca, deve hoje responder a graves acusações. As acusações contra ele incluem acusações tão graves como falsificação, fraude, abuso de poder e, acima de tudo, tráfico internacional de drogas. Um julgamento que começou em maio passado e que, como uma novela de tirar o fôlego, continua a revelar reviravoltas inesperadas.
Preso em dezembro de 2023, Saïd Naciri está hoje a ser julgado juntamente com outros 28 arguidos, incluindo membros da polícia, atores da administração pública e empresários. Uma constelação de acusados que destaca a escala e a complexidade deste caso extraordinário.
O episódio mais recente deste julgamento ficou marcado pela decisão dos advogados de defesa de Saïd Naciri de boicotar a audiência. A razão? A recusa do presidente do tribunal em convocar Hadj Ahmed Ben Ibrahim, apelidado de “o Mali”, o principal actor deste caso obscuro. Particularmente divulgado pela sua alcunha de “Escobar do Sahara”, este último lançou uma luz dura sobre as alegadas actividades ilícitas de Saïd Naciri e da sua comitiva.
Com efeito, de acordo com as revelações de Hadj Ahmed Ben Ibrahim no final de 2023, Saïd Naciri teria desempenhado um papel central numa vasta rede de tráfico de droga. Este tráfico internacional, orquestrado pelos “malianos”, teria feito com que a cocaína transitasse da América do Sul através da África Ocidental para a Europa, mas também resina de cannabis. Uma conspiração de dimensão espectacular, que abala a sociedade marroquina e põe em evidência as falhas dos sistemas de segurança e de justiça.
Face às crescentes expectativas da opinião pública, a audiência adiada a pedido do presidente da Ordem dos Advogados de Casablanca promete ser um momento chave neste julgamento. Os arguidos terão finalmente a oportunidade de se exprimirem e de darem a sua versão dos factos, lançando assim mais luz sobre as zonas cinzentas deste caso extraordinário.
O caso Saïd Naciri levanta questões profundas sobre a moralidade e a ética no mundo do desporto e da política. Destaca as questões complexas das redes de crime organizado e questiona a capacidade das instituições judiciais para enfrentar tais ameaças. O caso terá continuidade, aguardando futuras revelações e decisões judiciais que moldarão o futuro de todos os protagonistas envolvidos.