No passado sábado, 17 de fevereiro, Antananarivo foi palco de um acontecimento significativo: a primeira marcha organizada pelo movimento feminista Nifin’akanga para denunciar o flagelo da violação e do incesto. Apesar da modéstia da multidão reunida, o impacto das mensagens veiculadas pelos cartazes foi poderoso. Slogans como “Parem com a pedofilia” e “Silêncio mata” foram brandidos com determinação, com o objectivo de sensibilizar o público em geral para a gravidade destes problemas.
O objectivo desta marcha não era apenas aumentar a sensibilização, mas também pressionar as autoridades para reforçarem a legislação sobre violação e incesto. Se o Parlamento aprovou recentemente uma lei que estabelece a castração química ou cirúrgica para violadores de crianças, a fundadora do movimento Nifin’ankanga, Mbolatiana Raveloarimisa, sublinha a importância de combater a montante a cultura da violação que persiste na sociedade malgaxe.
Para Mbolatiana Raveloarimisa, é essencial que a sociedade civil e o governo trabalhem em conjunto para provocar mudanças reais. Esta luta contra a cultura da violação exigirá tempo e um profundo questionamento de mentalidades. Ao mesmo tempo, o movimento está a trabalhar para permitir a interrupção terapêutica de gravidezes resultantes de violação ou incesto, uma proposta de lei abandonada pelos legisladores malgaxes.
Esta marcha simbólica e empenhada marca apenas o início de uma longa batalha para mudar mentalidades e leis, a fim de proteger as vítimas de violação e incesto em Madagáscar. É fundamental que a mobilização continue e que a sociedade como um todo tome consciência da urgência de quebrar o silêncio em torno destes crimes hediondos.