O caso do investigador francês Victor Dupont, preso na Tunísia há quase um mês, suscita sérias preocupações e desperta indignação entre os seus colegas da Universidade de Aix-Marselha e os defensores dos direitos humanos. Victor Dupont, de 26 anos, é descrito como um apaixonado pelo mundo árabe, cuja investigação se centra na trajetória socioprofissional de jovens mobilizados durante a revolução de 2011 na Tunísia.
Doutorando no Instituto de Pesquisa e Estudos sobre os Mundos Árabe e Muçulmano (Iremam), Victor Dupont foi preso em 19 de outubro na Tunísia e é acusado de conspirar contra a segurança do Estado. Os seus estudos e a sua tese centraram-se em temas sensíveis, analisando nomeadamente a vida parlamentar tunisina e a realidade económica e social do país, bem como denunciando a política discriminatória para com os migrantes subsaarianos.
A detenção de Victor Dupont surge num contexto em que os prisioneiros de consciência estão a aumentar nas prisões tunisinas, dando origem a preocupações crescentes sobre o respeito pelas liberdades académicas e de expressão. Os seus amigos e colegas lançaram uma petição para exigir a sua libertação imediata, acreditando que a sua prisão é um ataque a estes princípios fundamentais.
Este caso também levanta questões sobre o clima político na Tunísia e a protecção de investigadores e académicos envolvidos em trabalhos críticos. A mobilização a favor de Victor Dupont destaca os riscos que correm aqueles que ousam questionar as autoridades existentes e denunciar as injustiças sociais e políticas.
Nestes tempos em que a liberdade académica está sob ataque em muitos países, o caso Victor Dupont lembra-nos a importância de apoiar e proteger aqueles que contribuem para esclarecer questões sociais e promover o debate democrático. Esperemos que os apelos à sua libertação sejam ouvidos e que a justiça prevaleça para garantir o respeito pelos direitos fundamentais de todos.