A ascensão da China no cenário global: Xi Jinping fortalece laços na América Latina

A cimeira dos BRICS em Kazan foi marcada pela presença de Xi Jinping, destacando os desafios económicos globais. Na China, a crise imobiliária e o consumo lento estão a pesar sobre a economia. A visita do presidente chinês à América Latina fortalece os laços políticos e económicos, particularmente com o Peru através do megaporto de Chancay. A China está assim a consolidar a sua influência regional e global, particularmente no actual contexto geopolítico tenso.
A cimeira dos BRICS realizada em Kazan, na Rússia, foi marcada pela notável presença do presidente chinês Xi Jinping. Este encontro reuniu os líderes das maiores economias do planeta, representando em conjunto 60% do PIB global e reunindo 21 países membros, incluindo Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, México e Rússia.

Xi Jinping participou nesta reunião num momento em que o contexto económico global é marcado por grandes desafios, nomeadamente a crise imobiliária na China e o consumo lento. A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA também levantou preocupações sobre a evolução das relações comerciais internacionais.

O programa do presidente chinês não se limitou à sua participação na cimeira dos BRICS. Ele então seguiu para o Brasil, onde estava sendo realizada a cúpula do G20. A China, enquanto segunda maior economia do mundo, procura consolidar as suas relações com os seus parceiros internacionais num contexto geopolítico complexo e em constante evolução.

Um dos destaques da visita de Xi Jinping ao Peru foi a inauguração, em parceria com a presidente peruana, Dina Boluarte, do megaporto de Chancay, financiado pela China no valor de 3,5 mil milhões de dólares. Este novo terminal portuário, eventualmente equipado com 15 berços, demonstra a crescente influência da China na América Latina, tradicionalmente considerada reservada aos Estados Unidos.

O comércio entre a China e o Peru ascendeu a quase 36 mil milhões de dólares em 2023, tornando o país o quarto maior parceiro comercial da China na América Latina. O megaporto de Chancay também beneficiará outros países da região, como Chile, Colômbia e Equador, facilitando o seu comércio com a Ásia e reduzindo a sua dependência dos portos mexicanos e americanos.

Para além das questões económicas, a visita de Xi Jinping à América Latina é também uma oportunidade para fortalecer os laços políticos e diplomáticos entre a China e os países da região. Os projectos de infra-estruturas e de desenvolvimento apoiados pela China, como a Iniciativa Cinturão e Rota, oferecem novas perspectivas de cooperação e integração regional, ao mesmo tempo que fortalecem a influência da China na escala mundial.

Num contexto marcado pela guerra na Ucrânia e pelas tensões geopolíticas globais, a China e o Brasil procuram desempenhar um papel de mediação e de diálogo construtivo. Este desejo de cooperação entre os dois países, apesar das suas diferenças políticas e económicas, testemunha a complexidade das relações internacionais e a necessidade de encontrar soluções concertadas para os desafios globais.

Em conclusão, a visita de Xi Jinping à América Latina e a sua participação em cimeiras internacionais ilustram a ascensão da China ao poder na cena mundial.. Ao desenvolver as suas relações económicas, políticas e diplomáticas com os países da região, a China afirma o seu desejo de desempenhar um papel importante na construção de uma ordem internacional mais equilibrada e harmoniosa.

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