O sector da educação privada na África Austral está actualmente no centro das atenções com as recentes incertezas em torno da Educor Holdings, o maior fornecedor de educação privada na região. Dona das prestigiadas faculdades Damelin, CityVarsity, Icesa City Campus e Lyceum, o futuro desta instituição preocupa seus funcionários e alunos.
Em Agosto passado, o Ministro do Ensino Superior e Formação, Nobuhle Nkabane, restabeleceu provisoriamente o registo da Educor Holdings, dissipando os receios sobre o actual ano lectivo. Isto seguiu-se ao cancelamento do registo dos estabelecimentos Educor anunciado em Março anterior pelo antigo Ministro da Educação, Blade Nzimande. As razões apresentadas foram violações da lei do ensino superior e a ausência de documentos financeiros que comprovem a viabilidade financeira das instituições para os anos de 2021 e 2022.
Também foram relatadas queixas públicas sobre atrasos no pagamento de salários do pessoal e falta de profissionalismo, destacando os principais desafios que a empresa enfrentava.
Entretanto, a divisão imobiliária da Educor, Educor Property Holdings, enfrenta 10 pedidos de liquidação relativos a empréstimos contraídos junto do Nedbank e apresentados no Tribunal Superior de Durban. O Fundo de Investimento Público (PIC) detém uma participação de 42% na empresa após um investimento de R755 milhões em 2015.
Apesar do restabelecimento provisório do registo por razões “humanitárias”, os atrasos no pagamento dos salários do pessoal estão a causar sérias preocupações. Alguns funcionários que não foram remunerados nos meses de agosto, setembro e outubro apresentaram reclamações à Comissão de Conciliação, Mediação e Arbitragem (CCMA).
Uma professora que trabalha na City Varsity, na Cidade do Cabo, partilhou a sua experiência, lamentando o aumento das pressões financeiras sobre a sua família devido a salários não pagos. Esta situação afecta não só os funcionários, mas também os estudantes, que se encontram inseguros quanto à continuação dos estudos.
A falta de clareza relativamente à conclusão do ano lectivo levanta questões cruciais sobre o futuro dos estudos dos alunos. Num contexto em que a confiança dos estudantes já foi abalada pelo anúncio do cancelamento da matrícula em março, a situação atual acrescenta uma pressão adicional.
As repercussões financeiras para as famílias e os estudantes poderão ser consideráveis em caso de interrupção temporária ou permanente das aulas. Atrasos podem atrasar a qualificação de alguns alunos, enquanto outros podem ser forçados a reiniciar o seu percurso académico desde o início.
Apesar das iniciativas propostas pelo pessoal e pela gestão para melhorar o recrutamento de estudantes e a estrutura de propinas, a implementação destas ideias permanece no ar. Também surgem dúvidas sobre a supervisão exercida pelo PIC como grande investidor na Educor.
Na ausência de comentários da Educor Holdings e das autoridades relevantes, questões persistentes cercam o futuro da educação privada na África Austral. Professores, alunos e famílias continuam aguardando esclarecimentos essenciais para garantir a estabilidade do ensino superior na região.