A questão da constituição na República Democrática do Congo (RDC) está no centro dos debates políticos actuais, provocando reacções contrastantes no seio da classe política congolesa. Embora o Presidente Félix Tshisekedi expresse o seu desejo de dotar o país de uma nova constituição, alguns actores da oposição e da sociedade civil opõem-se vigorosamente, temendo as consequências sobre a soberania nacional e a democracia.
O anúncio do Chefe de Estado da futura criação de uma comissão nacional multissectorial responsável por propor uma nova constituição, elaborada pelos próprios congoleses, suscitou esperanças, mas também preocupações. Para os deputados e senadores da UDPS/Tshisekedi, principais forças políticas do país, esta iniciativa é bem-vinda. Apoiam o projecto e apelam aos seus apoiantes para que se mobilizem a favor desta abordagem.
Contudo, do lado da oposição, representada por diversas correntes políticas e movimentos da sociedade civil, esta perspectiva de uma nova constituição levanta questões e reservas. Alguns vêem-no como uma ameaça à estabilidade do país e denunciam-no como um potencial plano de balcanização. Afirmam o seu apego à Constituição actual e planeiam organizar manifestações pacíficas para defender os seus princípios.
Neste contexto contrastante, a RDC encontra-se num momento crucial da sua história política. O debate em torno da Constituição revela as divisões existentes na sociedade congolesa, entre aqueles que defendem uma revisão profunda do quadro institucional e aqueles que temem os possíveis abusos de tal processo. A questão vai além da simples elaboração de um texto jurídico para tocar nos próprios fundamentos da democracia e da soberania nacional.
Assim, a questão da constituição na RDC está longe de ser trivial. Levanta questões essenciais sobre o futuro do país e a natureza do seu regime político. Num clima de tensões e divergências, parece crucial encontrar um consenso nacional para garantir a estabilidade e a unidade do país. O diálogo e o respeito pelas opiniões de todos serão essenciais para levar a bom termo este debate, respeitando simultaneamente os valores democráticos e o interesse geral.