Reflexão sobre a reformulação do artigo 217.º da Constituição da República Democrática do Congo

A questão da reformulação do artigo 217.º da Constituição da República Democrática do Congo ligada à possibilidade de um “abandono parcial da soberania” com vista à promoção da unidade africana suscita debates acesos e levanta questões profundas quanto à própria natureza da soberania nacional. Esta reflexão, iniciada pelo Professor Christian-Junior KABANGE NKONGOLO, destaca a importância crucial da precisão dos termos jurídicos utilizados na legislação de um país.

A análise centra-se no real alcance do artigo em questão e destaca possíveis contradições com outros princípios constitucionais, em particular aquele que afirma que a soberania nacional pertence ao povo congolês. A noção de “abandono parcial da soberania” é posta em causa no que diz respeito à indivisibilidade da soberania nacional consagrada na Constituição.

Para além da interpretação jurídica estrita, o artigo sublinha também a importância de ter em consideração o contexto histórico e geopolítico em que opera a República Democrática do Congo. O trauma dos conflitos armados e os receios da balcanização do país afectaram profundamente a população, tornando qualquer menção a um “abandono da soberania”, mesmo parcial, sujeita a desconfiança e suspeita.

A fim de acalmar estes receios legítimos e garantir uma integração africana que respeite os princípios da soberania dos Estados-Membros, sugere-se alterar o artigo 217.º, introduzindo o princípio da reciprocidade. Esta proposta visa regular qualquer transferência ou exercício conjunto de competências no âmbito de tratados ou acordos de associação, oferecendo assim uma garantia adicional tanto à população congolesa como aos actores políticos.

Em conclusão, a reflexão liderada pelo Professor Christian-Junior KABANGE NKONGOLO recorda a importância crucial da precisão dos termos jurídicos na legislação de um país. Ao reformular adequadamente o Artigo 217.º da Constituição, a República Democrática do Congo poderia reforçar a sua soberania nacional, promovendo ao mesmo tempo uma integração africana respeitosa e equilibrada. Este debate, baseado em argumentos sólidos extraídos da teoria jurídica, constitui um passo essencial para garantir um desenvolvimento harmonioso e consistente com as aspirações do povo congolês.

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