Num contexto político marcado por intensos debates em torno da revisão constitucional na República Democrática do Congo, a entrevista concedida por Marie-Josée Ifoku a Fatshimétrie ressoa como uma voz singular, apelando a um verdadeiro renascimento nacional. Esta figura política, candidata vencida nas eleições presidenciais de 2018 e 2023, defende a criação de um Conselho Nacional de Mediação, uma proposta inovadora que visa reforçar a coesão nacional.
No centro do seu discurso, Marie-Josée Ifoku insiste na necessidade de ir além das disputas políticas para colocar o povo congolês no centro dos debates. Segundo ela, a criação de tal órgão de mediação permitiria estabelecer um espaço de diálogo inclusivo, reunindo todos os representantes da nação para discutir as grandes questões do país. Ela sublinha que a RDC não pode limitar-se a uma visão política restrita, mas deve abraçar uma perspectiva mais ampla, integrando as aspirações de toda a população.
O apelo de Marie-Josée Ifoku encontra ressonância particular num contexto onde a questão da governação e da liderança surge de forma aguda. Na verdade, desde que o país conquistou a independência, há mais de sessenta anos, a RDC passou por períodos tumultuosos marcados por crises recorrentes. Para Ifoku, o verdadeiro desafio reside menos na elaboração de novos textos do que na emergência de uma governação esclarecida, capaz de responder às expectativas e necessidades da população congolesa.
Assim, a proposta de criação de um Conselho Nacional de Mediação insere-se num processo de pacificação e reconstrução da coesão social. Ao dar voz a todos os intervenientes da sociedade congolesa, políticos, sociais, económicos e culturais, este órgão poderia constituir um trampolim para um verdadeiro renascimento nacional. Proporcionaria um espaço de debate e consulta propício ao surgimento de soluções consensuais, longe de divisões partidárias e interesses individuais.
Em última análise, a intervenção de Marie-Josée Ifoku levanta questões essenciais sobre o futuro da RDC e os caminhos a seguir para construir um futuro melhor para todos. Inserida numa perspectiva de diálogo e de unidade, a sua proposta convida-nos a repensar em profundidade a governação e a renovar as formas de participação cidadã. Nestes tempos de convulsão política, o apelo à mediação e consulta surge como um sopro de esperança para uma nação em busca de unidade e progresso.