“Manipulação eleitoral nas Comores: a investigação do Le Monde revela os bastidores de uma reeleição contestada”

As eleições presidenciais que tiveram lugar no dia 14 de Janeiro nas Comores continuam a ser comentadas. Numa investigação publicada recentemente, o Le Monde revela os bastidores da manipulação eleitoral orquestrada por quem está no poder. Esta contestada reeleição do Presidente Azali Assoumani na primeira volta provocou fortes reacções no seio da oposição comoriana.

A investigação do jornal destaca práticas questionáveis ​​que contaminaram o processo eleitoral. Em primeiro lugar, a nomeação dos membros das mesas de voto foi alterada arbitrariamente pela Comissão Eleitoral Nacional Independente (Céni). As listas foram modificadas no último momento, sem justificação, e muitos representantes da oposição foram substituídos por membros do movimento presidencial.

Os militares também desempenharam um papel controverso na condução da votação. Segundo vários testemunhos e relatos de observadores internacionais, os gendarmes e o exército deram instruções aos membros das assembleias de voto, assumindo assim o papel do Ceni. Além disso, durante a centralização dos resultados, os membros das comissões eleitorais insulares foram impedidos de aceder aos centros de introdução de dados, o que põe em causa a transparência do processo.

O Le Monde revela ainda a existência de uma sala de contagem secreta, onde pessoas recrutadas sem consulta participavam na contagem e na introdução dos resultados. Esta situação foi vivida como uma descida ao inferno por alguns membros da CENI que não conseguiram aceder a esta sala e, portanto, não puderam participar ativamente nas operações de contagem.

Perante estas revelações, as autoridades comorianas não quiseram reagir oficialmente. Consideram que as afirmações do comissário Céni carecem de credibilidade e indicam falta de integridade da sua parte.

A oposição comoriana, por seu lado, apresentou uma petição ao Tribunal Africano dos Direitos Humanos para que a votação fosse anulada. Ela também apela aos comorianos para que se manifestem contra os resultados eleitorais.

Esta investigação do Le Monde levanta mais uma vez questões sobre a democracia e a integridade eleitoral nas Comores. As práticas destacadas são preocupantes e exigem uma reação da comunidade internacional para garantir eleições livres e transparentes no país.

É essencial que a opinião pública assuma esta questão e exija respostas das autoridades comorianas. A população tem o direito de saber a verdade sobre a condução destas eleições e de julgar a sua legitimidade.

Em conclusão, esta investigação do Le Monde revela práticas questionáveis ​​que mancharam as eleições presidenciais nas Comores. Estas revelações provocam fortes reações dentro da oposição e levantam questões sobre a democracia no país. É agora essencial que estas alegações sejam esclarecidas e que sejam tomadas medidas para garantir eleições transparentes e democráticas nas Comores.

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