Fortalecer a indústria têxtil africana para uma soberania económica sustentável

A indústria têxtil africana enfrenta muitos desafios que dificultam o seu desenvolvimento e viabilidade económica. Durante décadas, o continente tem vindo a perder milhares de milhões de dólares todos os anos devido à importação maciça de tecidos como o ancara, um padrão de impressão popular na África Ocidental e Central. Esta observação alarmante foi destacada por Hannatu Musawa, Ministro das Artes, Cultura e Economia Criativa da Nigéria, durante o Creative Africa Nexus Weekend 2024 em Argel.

Musawa sublinhou a importância de fortalecer o ecossistema da moda e dos têxteis em África para garantir a soberania económica do continente. Tecidos icónicos como adire, kente, bogolan e ankara representam o orgulho, a história e a identidade de África. No entanto, é lamentável notar que quase 90% do ancara consumido em África é importado, gerando assim uma perda anual de cerca de 3 mil milhões de dólares para os fabricantes estrangeiros.

O ministro sublinhou que é crucial recuperar o controlo da produção local e promover os talentos e know-how africanos. Ela destacou o potencial económico da indústria da moda em África, estimado em 15,5 mil milhões de dólares até 2025. Devem ser tomadas medidas concretas para superar os obstáculos estruturais que dificultam a produção local e promover o desenvolvimento da indústria têxtil africana.

A moda não é apenas uma forma de expressão artística, mas também representa uma potência económica. A indústria global da moda está avaliada em aproximadamente 2,5 biliões de dólares e, na Nigéria, contribui com 6,1 mil milhões de dólares para o PIB. Na África do Sul, o sector têxtil emprega mais de 140.000 pessoas, demonstrando a sua capacidade de gerar empregos.

Ao investir na moda e promover a produção local, poderiam ser criadas milhões de oportunidades de emprego, especialmente para mulheres e jovens. Ao reforçar as capacidades de produção local, África não só será capaz de criar valor acrescentado no seu território, mas também de se posicionar como um centro global da moda.

O ministério está actualmente a trabalhar em iniciativas para estabelecer centros de produção e programas de formação para artesãos, como parte da iniciativa Design Nexus e Destination 2030 em toda a África. O objetivo é posicionar as artes, a cultura e a economia criativa da Nigéria na vanguarda e promover o desenvolvimento sustentável de todos estes setores.

Em conclusão, é imperativo revitalizar o ecossistema têxtil em África, reforçando a produção local, promovendo os talentos africanos e criando oportunidades económicas sustentáveis ​​para o continente.. África tem um rico património têxtil que merece ser preservado e valorizado, e é hora de implementar políticas e ações concretas para promover o surgimento de uma indústria têxtil africana próspera e autónoma.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *