O regresso do activista Kemi Seba ao cenário mediático criou recentemente uma onda de emoções e reacções. Depois de ter sido mantido sob custódia policial durante quase quatro dias na sede da agência francesa de segurança interna (DGSI) em Paris, a sua libertação foi anunciada nas suas próprias palavras: “Aqueles que procuram manchar a nossa luz terão de esperar”.
Kemi Seba, cujo nome verdadeiro é Stellio Gilles Robert Capo Chichi, foi interrogado no âmbito de uma investigação sobre duas acusações potencialmente graves: “conluio com uma potência estrangeira […] com o objectivo de promover hostilidade ou actos de agressão contra França” ; e “manter laços com uma potência estrangeira […] que possa prejudicar os interesses fundamentais da nação”.
Estes crimes são puníveis com pelo menos 10 anos de prisão, o que suscitou preocupações sobre o resultado deste caso. No entanto, de acordo com informações veiculadas pelo diário francês Le Monde, parece que Kemi Seba ainda não está a ser processado em tribunal, notícia que aliviou os seus apoiantes.
A detenção de Kemi Seba, ocorrida durante um almoço com um colega num restaurante parisiense, foi descrita como “violenta” pelo seu advogado Juan Branco. A organização fundada por Seba, Urgences Panafricatistes, explicou em comunicado que o activista beninense esteve em Paris para visitar um familiar doente e encontrar-se com membros da oposição beninense.
A perda da nacionalidade francesa em Julho passado já tinha suscitado discussão, ilustrando o percurso agitado deste activista empenhado na causa Pan-Africana. Depois de deixar a França há vários anos para se estabelecer na África Ocidental com a sua família, Kemi Seba continua a despertar interesse e debate.
O seu aliado próximo, Hery Djehuty, preso ao mesmo tempo que ele, também foi libertado, aliviando de certa forma as preocupações daqueles que o rodeavam. Este caso, símbolo das tensões entre o activismo político e a segurança nacional, levanta muitas questões sobre a liberdade de expressão e os limites que não devem ser ultrapassados.
Enquanto esperamos para ver como este caso irá evoluir, uma coisa é certa: Kemi Seba não terminou de alimentar discussões e reflexões, dando um vislumbre de um futuro incerto mas emocionante para este activista com uma carreira única.