Porto Príncipe, capital do Haiti, foi mais uma vez mergulhada na violência enquanto o país enfrenta uma série de protestos exigindo a renúncia do primeiro-ministro. Desde domingo, centenas de famílias foram forçadas a abandonar as suas casas, à medida que eclodem violentos confrontos entre gangues rivais pelo controlo da cidade.
Na segunda-feira passada, novos confrontos obrigaram novamente as famílias a fugirem das suas casas. Joseph, um residente de Fuji, disse: “Temos muitas vítimas. Não sabemos quem e quantos ainda, mas temos certeza de que haverá muitas vítimas porque houve uma forte troca de tiros em uma área aberto hoje [NDT: 12 de fevereiro].”
Marícia, uma avó deslocada, conta: “Houve trocas de tiros violentas, então decidimos não ficar. Queimaram casas, não sabemos se nossa casa foi atingida. não sei para onde ir.”
A maioria das pessoas deslocadas reside no distrito de Fuji, a norte de Porto Príncipe, e são principalmente mulheres e crianças. Em Janeiro de 2024, o número de vítimas atingiu um nível nunca visto em dois anos, com pelo menos 806 pessoas mortas, feridas ou raptadas, além de 300 membros de gangues mortos ou feridos.
A situação no Haiti é ainda mais preocupante porque o país enfrenta uma profunda crise de governação. Os 11 milhões de habitantes do Haiti estão privados de representantes eleitos, aumentando ainda mais a pressão sobre uma população já vulnerável.
Além da violência, o recrutamento de crianças por gangues continua a ser extremamente preocupante, com 167 crianças mortas e feridas por tiros em 2023. Algumas foram executadas por gangues ou por supostos grupos de vigilantes pelo seu suposto apoio aos rivais.
Confrontadas com esta escalada de violência, as famílias deslocadas encontram-se agora acampadas perto de uma esquadra da polícia na esperança de encontrar segurança e protecção. A situação no Haiti permanece incerta, com decisões pendentes sobre o envio de tropas de manutenção da paz por países como o Quénia, Burundi, Chade, Senegal, Jamaica e Belize.
É essencial que a comunidade internacional continue a apoiar o Haiti nos seus esforços para sair desta espiral de violência e crise. A situação actual exige uma acção colectiva e uma maior atenção para proteger os civis, especialmente as crianças, e ajudar o país a recuperar a estabilidade e a segurança de que necessita desesperadamente. A restauração da governação democrática deve ser uma prioridade máxima para facilitar a reconstrução do Haiti e o desenvolvimento a longo prazo.