Nas sombras de África, surge uma realidade alarmante: o impacto devastador do vírus Mpox. Os últimos números comunicados pelo Director Geral do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (África CDC), Jean Kaseya, destacam uma situação crítica. Desde o início de 2024, o continente registou nada menos que 38.300 casos de varíola, dos quais 7.339 foram confirmados.
Só nesta semana foram registrados 3.186 novos casos, incluindo 489 confirmados e 53 mortes. Apesar dos esforços envidados, a epidemia continua a ser uma grande preocupação de saúde pública em todo o continente. Dezasseis países africanos, espalhados pelas cinco regiões, notificaram casos, sendo a África Central a mais atingida. Na verdade, a região é responsável por mais de 99% das mortes relacionadas com Mpox notificadas este ano.
Dados da agência especializada de saúde da União Africana revelam que seis países da África Central notificaram 33.735 casos suspeitos, 7.109 casos confirmados e 975 mortes desde o início do ano. Esta situação é preocupante, especialmente porque o número de casos de Mpox notificados este ano aumentou dramaticamente em 300% em comparação com 2023. Esta observação não deixa dúvidas sobre a urgência de uma acção.
A República Democrática do Congo, Burundi, Nigéria, Costa do Marfim e Uganda são os cinco países que notificam o maior número de casos confirmados, representando 98,7% do total de casos. Perante esta realidade preocupante, Jean Kaseya destaca a necessidade de dar prioridade aos inquéritos e à investigação junto dos segmentos mais vulneráveis da população, em particular as crianças com menos de 15 anos.
Vale a pena recordar que, em Agosto passado, o África CDC declarou o surto de Mpox em África como uma emergência de segurança continental. Pouco tempo depois, a Organização Mundial de Saúde também declarou a Mpox uma emergência de saúde pública de preocupação internacional, activando o mais alto nível de alerta global para a Mpox pela segunda vez em dois anos.
Acredita-se que o vírus Mpox, descoberto pela primeira vez em macacos de laboratório em 1958, seja transmitido de animais selvagens, como roedores, para humanos ou através do contato entre humanos. Uma doença viral rara, a Mpox é normalmente transmitida através de fluidos corporais, gotículas respiratórias e outros materiais contaminados.
Perante esta situação crítica, é imperativo permanecer vigilante, reforçar as medidas de prevenção e sensibilização e unir forças para conter a propagação do vírus Mpox em África. A saúde e a segurança das nossas comunidades dependem da nossa capacidade de agir de forma coordenada e eficaz para enfrentar esta ameaça sem precedentes.