O mistério que rodeia o silêncio do líder de 91 anos suscita preocupações e questões nos Camarões. Desde a sua última aparição na Cimeira China-África, no início de Setembro, o Presidente Biya permaneceu invisível, alimentando rumores sobre a sua possível convalescença na Suíça ou tratamento em França.
Esta falta de atualizações oficiais levanta preocupações sobre os planos de sucessão do chefe de Estado que governa o país há mais de quatro décadas. Numa carta aberta dirigida a Samuel Mvondo Ayolo, diretor do Gabinete Civil dos Camarões, o advogado Christian Ntimbane exige transparência do governo relativamente ao estado de saúde de Biya.
“Se ele está de férias, diga. Se ele estiver doente, diga também”, apelou Ntimbane, sublinhando que o público merece uma resposta clara a estas preocupações legítimas.
À medida que a cobertura mediática em torno da ausência de Biya se intensifica, os camaroneses temem uma possível instabilidade no caso do desaparecimento do presidente.
A esfera pública nas redes sociais está dividida. Algumas vozes especulam sobre uma possível ascensão de Franck Emmanuel Biya, filho mais velho do presidente, como seu sucessor, sugerindo uma transição dinástica. Outros vêem esta situação como uma oportunidade de mudança, sugerindo que os Camarões poderão estar à beira de um novo capítulo político após o governo de longa data de Biya.
Fontes políticas, como o Cameroon Concord, indicam que já poderá estar em vigor um plano de sucessão, com Robert Nkili, cunhado de Biya, cotado para assumir o cargo de presidente interino. No entanto, figuras da oposição, como Maurice Kamto, provavelmente opor-se-ão a qualquer transmissão dinástica, defendendo, em vez disso, reformas democráticas.
Presidente desde 1982, Biya é o segundo líder africano mais antigo e o chefe de estado mais antigo do mundo. O silêncio em torno da sua saúde levanta preocupações legítimas sobre o futuro político dos Camarões, uma nação que aguarda clareza face a uma transição potencialmente crucial.