Título: O Sudão mergulhou na escuridão: a crise humanitária intensifica-se
Introdução :
No Sudão, as tensões e os confrontos entre o exército sudanês e as forças paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF) mergulharam o país na escuridão. Durante três dias, o acesso à Internet foi cortado, privando assim a população da comunicação e do acesso a serviços essenciais, como cuidados de saúde e serviços bancários. Esta situação agrava a já catastrófica crise humanitária que o país atravessa há quase 10 meses. Neste artigo, faremos um balanço da situação actual no Sudão e dos desafios enfrentados pela população deste país em dificuldades.
Um corte total nas telecomunicações:
A empresa de monitoramento da Internet Netblocks confirmou na sexta-feira que o Sudão mergulhou em um apagão quase total de telecomunicações. Esta interrupção limita enormemente a comunicação no país, impedindo os sudaneses de procurarem áreas seguras e de acederem a serviços de saúde e bancários. Esta situação é ainda mais preocupante porque milhões de pessoas já estão deslocadas pelo conflito e necessitam urgentemente de ajuda humanitária.
O papel da RSF:
O Ministério dos Negócios Estrangeiros sudanês culpou a RSF pela interrupção, complicando ainda mais a situação dos residentes que não conseguem fugir do conflito e estão desesperados por ajuda humanitária. A RSF ainda não negou publicamente a sua responsabilidade por esta interrupção.
Uma crise humanitária devastadora:
As Nações Unidas lançaram um apelo de 4,1 mil milhões de dólares para satisfazer as necessidades humanitárias mais urgentes no Sudão. Metade da população, cerca de 25 milhões de pessoas, necessita de apoio e proteção. Milhões de pessoas estão morrendo de fome e deslocadas pela guerra. As Forças Armadas Sudanesas e a RSF não cumpriram os seus compromissos anteriores de facilitar a assistência humanitária e ocorreram ataques a trabalhadores humanitários e a comboios de abastecimento desde o início do conflito, dificultando significativamente a ‘ajuda humanitária’.
Crianças em perigo:
A crise no Sudão teve um impacto catastrófico nas crianças, que representam quase 4 milhões de pessoas deslocadas. Quase 19 milhões de crianças estão fora da escola e as violações dos direitos humanos, bem como a violência baseada no género, são frequentes no país. Nos campos para deslocados no norte de Darfur, como Zamzam, pelo menos uma criança morre a cada duas horas por desnutrição, segundo Médicos Sem Fronteiras (MSF).
Conclusão:
O encerramento da Internet no Sudão agrava a já desastrosa crise humanitária. As pessoas no país enfrentam grandes desafios, incluindo a fome, a deslocação forçada, as violações dos direitos humanos e a violência. Há uma necessidade urgente de a comunidade internacional tomar medidas para prestar assistência humanitária de emergência e pôr fim a este conflito destrutivo.