Como os produtores de algodão africanos podem superar os desafios das flutuações de preços e das mudanças climáticas?

Algodão africano: o chamado à inovação para um futuro sustentável

O ouro branco, o algodão, desempenha um papel crucial na economia africana, com quase 20 milhões de produtores, incluindo um número crescente de mulheres. No entanto, diante de flutuações globais de preços e desafios climáticos, o setor enfrenta uma profunda crise. O Togo, por exemplo, observa uma queda alarmante em suas áreas cultivadas. Enquanto países como o Brasil adotam tecnologias de irrigação para fortalecer sua produção, a África deve se adaptar imperativamente.

Koussouwè Kouroufori, presidente da Associação de Produtores de Algodão Africano (APROCA), pede uma transição para sistemas de irrigação modernos e duráveis. Essa abordagem pode aumentar o rendimento enquanto estabiliza a renda dos produtores. A celebração do 20º aniversário do Aproca em Garoua, Camarões, representa uma oportunidade crucial de criar um futuro duradouro para o setor.

Ao promover a colaboração entre os produtores e integrando práticas agrícolas responsáveis, a África pode não apenas enfrentar os desafios atuais, mas também abrir novos mercados e garantir um futuro próspero para aqueles que dependem dessa cultura vital. O momento de agir é agora.
Algodão africano: em direção a uma reestruturação necessária do setor

O algodão, apelidado de “ouro branco”, é de importância estratégica para a economia africana. Com cerca de 20 milhões de produtores no continente, incluindo mais de 20.000 mulheres, essa cultura não é apenas uma fonte de moeda, mas também um vetor para criar empregos. No entanto, enquanto a Associação de Produtores de Cotton Africano (APROCA) celebra duas décadas de existência, uma nova realidade está surgindo: os produtores devem adotar uma abordagem inovadora para lidar com os crescentes desafios do setor.

A África, que hoje produz quase três milhões de toneladas de algodão por ano, está em uma situação precária. Os produtores, muitas vezes presos nas flutuações de preços internacionais, estão impactando um mercado que as escapa completamente. Essa iniqüidade ecoa uma realidade mais ampla nos mercados agrícolas mundiais, onde pequenos produtores são regularmente marginalizados para o benefício de grandes produtores que ditam as regras do jogo.

#### Uma economia de sofrimento: o caso do Togo

No Togo, por exemplo, a produção de algodão enfrenta desafios específicos. As áreas cultivadas estão constantemente diminuindo e os riscos climáticos ainda complicam a situação. Em 2022, as previsões de cultura foram válidas em 75.000 hectares, mas a falta de chuvas durante os períodos críticos de semeadura reduziu esses números consideravelmente. A realidade é tal que tememos não atingir 65.000 hectares este ano.

Uma comparação com outros grandes produtores, como o Brasil, revela que este último diversificou suas fontes de renda, integrando tecnologias avançadas de irrigação e adotando práticas de cultura sustentável. Enquanto os produtores de algodão africanos sofrem perdas devido a rendimentos em declínio, o Brasil continua a crescer, em parte graças ao fortalecimento da resiliência às mudanças climáticas. Essa dinâmica sublinha a urgência para os países africanos assumirem a tecnologia moderna para aproveitar suas vantagens comparativas.

#### Uma estratégia adequada: irrigação como uma solução

O pedido de uma transição para a irrigação, expresso por Koussouwè Kouroufori, o presidente do Aproca, é de notícias quentes. Com base em sistemas de irrigação emergentes, especialmente em regiões semi-áridas, os produtores não apenas estabilizaram sua produção, mas também garantiram sua renda. Um estudo recente do Fórum Econômico Mundial mostrou que a implementação de técnicas precisas de irrigação e a escolha de sementes adequadas podem aumentar o rendimento em quase 30 %.

Paralelamente, a necessidade de uma estrutura regulatória favorável à irrigação não pode ser subestimada. A África, com numerosas bacias hidrográficas, tem o potencial de explorar os recursos hídricos ainda subutilizados. A cooperação cruzada dos recursos hídricos também pode fortalecer a resiliência dos produtores e promover o gerenciamento sustentável dos ecossistemas.

#### O APROCA PLEA: Uma voz unificada para um futuro sustentável

A celebração do 20º aniversário do APROCA, planejada em Garoua, Camarões, representa não apenas um reconhecimento de esforços passados, mas também uma oportunidade de ouro para estabelecer um plano de ação claro. Essa defesa poderia dar à luz uma estratégia de intensificação de produção, apoiada por iniciativas de desenvolvimento sustentável e a rede de produtores.

Ao formar cooperativas mais robustas e usar alavancas tecnológicas, os pequenos produtores de algodão africanos poderiam melhorar seu poder de negociação diante dos principais players do mercado. Os modelos existentes na África Ocidental, onde certas cooperativas conseguiram redefinir o valor agregado do algodão local, poderia servir como referência.

### durabilidade como um novo momento para o futuro

A necessidade de produzir de maneira responsável não tem apenas um impacto econômico, mas também social e ambiental. A produção de algodão deve se alinhar com os objetivos do desenvolvimento sustentável, garantindo condições decentes de trabalho para os produtores. A transição para práticas agrícolas sustentáveis ​​também oferece possibilidades de acesso a nicho de mercados, onde produtos orgânicos e justos são cada vez mais procurados.

Em suma, o tempo é para inovação e adaptação para os produtores de algodão africanos. A renovação das estratégias e a integração de práticas sustentáveis ​​não são apenas uma necessidade de lidar com os caprichos do mercado global, mas também para garantir um futuro próspero para milhões de homens e mulheres que trabalham neste setor vital para o continente. Somente uma ação coletiva e determinada, realizada por atores unidos em torno de um objetivo comum, redefinirá o futuro do algodão africano.

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