** Violência baseada em gênero: Kinshasa na linha de frente na luta pela igualdade **
Em 5 de abril, Kinshasa foi a estrutura de um encontro significativo, que faz parte de uma luta mais ampla pela emancipação de mulheres e meninas da República Democrática do Congo. Iniciado pelo ONG Women de mãos dadas para o desenvolvimento integral (FMMDI) e apoiado pelo PNUD e pelo governo canadense, a manifestação teve como objetivo aumentar a conscientização dos atores locais sobre a prevenção e a luta contra a violência baseada em gênero (VBG). Essa iniciativa, muito mais do que um evento simples, ressoa como um grito de guerra por milhões de votos suprimidos em um tecido social já complexo.
### Um delicado contexto sociatural
A estrutura sociopolítica congolesa é marcada por padrões tradicionais profundamente ancorados que geralmente promovem as desigualdades de gênero. O discurso de Nathalie Kambala, diretor de FMMDI, destacou essas realidades inseparáveis do contexto em que essas violências ocorrem. Os VBGs, que incluem estupro, casamentos iniciais e outras formas de discriminação, testemunham um enraizamento do comportamento que dificulta o desenvolvimento de uma sociedade verdadeiramente igualitária.
Diante dessa situação alarmante, a iniciativa Kinshasa está se posicionando como um baluarte para essas violações, armando membros de mecanismos comunitários com as ferramentas necessárias para combater essas injustiças. Ao dar voz a esses atores, o projeto JAD não se contenta em aumentar a conscientização: cria uma rede de alerta e suporte, permitindo que as comunidades se tornem atrizes de sua mudança.
### Uma parceria estratégica
Essa parceria entre o FMMDI e o PNUD, apoio do governo canadense, resulta em uma abordagem intersetorial na luta contra os VBGs. Esse modelo pode ser comparado com outras iniciativas globais, como o programa “HeforMhe” liderado por mulheres da ONU, que promove a participação de homens na luta pela igualdade de gênero. Iniciativas congolitas, com uma ênfase particular nos líderes locais, provam ser um método eficaz para interromper a violência, criando uma estrutura que mobiliza não apenas mulheres, mas também homens e jovens nessa busca pela equidade.
### A importância da educação e conscientização
O projeto JAD faz parte de um movimento mais amplo, o da educação e da conscientização, que parece ser a pedra angular da luta contra o VBG. Estatísticas recentes mostram que em países onde programas semelhantes foram implementados, os casos de violência diminuíram 30% em média nos últimos cinco anos. Esse aspecto educacional, muitas vezes negligenciado, é essencial para desconstruir os estereótipos de gênero e abordar a violência de um ponto de vista preventivo.
O livro apresentado durante esta reunião, “Construa a prevenção da violência baseada em gênero na raiz”, ressoa como uma caixa de ferramentas real destinada a membros de mecanismos comunitários. Isso levanta uma questão essencial: como essas obras podem ser traduzidas em programas escolares para aumentar a conscientização entre as gerações futuras desde tenra idade?
### Compromisso municipal: um modelo a seguir
O acordo expresso pelo assistente Bourgmestre da comuna de N’Djili, Patricia Makuma, ilustra como o envolvimento crucial é nessa luta. As administrações locais devem estar na linha de frente em termos de vontade e recursos políticos. Esse compromisso nos leva a pensar na maneira como os governos locais podem ir além dos simples discursos de intenção de ações concretas.
Em termos de resultados, seria interessante seguir o impacto real de tais iniciativas por meio de indicadores específicos, como a denúncia de casos de violência pelas gerações futuras, o aumento da representatividade das mulheres em locais de decisão e a dinâmica do comprometimento dos homens nessa luta.
### Conclusão
A luta contra a violência baseada em gênero em Kinshasa, embora encorajadora, ainda levanta muitos desafios. O projeto JAD, através de sua mobilização e seu apelo à ação, representa um passo em direção a uma transformação social significativa. No entanto, é imperativo que essa dinâmica seja apoiada por políticas públicas ousadas e por uma consciência coletiva que transcende partições tradicionais.
Enquanto o mundo está se recuperando da pandemia e reavalia suas prioridades, iniciativas como a de 5 de abril em Kinshasa devem servir de modelo para outras comunidades, incentivando um compromisso global com a igualdade de gênero. Além das campanhas, é um chamado repensar nossos valores coletivos e construir uma sociedade onde cada voz conta, porque, como Nathalie Kambala ressalta, “a prevenção de construção começa na raiz”.