### Têxteis: uma memória tecida com resistência e resiliência
A exposição “Bokgabo Ba Mašela: Art of Textiles”, realizada até 15 de outubro na Universidade de Pretória, acaba sendo muito mais do que uma simples apresentação de obras de arte. É um verdadeiro manifesto que explora a maneira pela qual os têxteis, muitas vezes percebidos erroneamente como objetos decorativos simples, incorporam histórias profundas de resistência, resiliência e história. Através de obras marcadas pela marca das mulheres, a exposição questiona a legitimidade das histórias que tecemos coletivamente, enquanto trazemos de volta à vida vozes tradicionalmente marginalizadas.
### ove uma história de silêncios
A história das mulheres na África, assim como o mundo, é frequentemente imbuída de silêncios. Embora tenham desempenhado papéis cruciais nas lutas por justiça e igualdade, suas contribuições foram obscurecidas por narrações dominantes, tocando em uma lógica do patriarcado colonial. A presença da escultura de Noria Mabasa, comemorando as mulheres que protestaram em 1956, não é apenas uma anedota visual; É o símbolo de um eco há muito sufocado, uma afirmação da necessidade de reconhecer e celebrar essas vozes. O termo “subalterno” de Gayatri Spivak encontra uma ressonância intensa aqui, ilustrando como essas histórias, muitas vezes consideradas secundárias, são, no entanto, centrais para a compreensão de nosso passado coletivo.
#### Têxteis: um meio de expressão política e cultural
Os têxteis nesta exposição desempenham um papel de meio artístico, permitindo abordar conceitos complexos, como identidade, memória e resistência. Os trabalhos apresentaram técnicas de uso, como bordado e colcha como meio de comunicação, permitindo que os artistas forjassem uma resposta às injustiças sociais. Por exemplo, a peça “Keiskammahoek Guernica” evoca não apenas trauma, mas o fato de ser feita de materiais recuperados também ilustra a circularidade e a economia da resistência nessas histórias. Ao fazer isso, demonstra uma forma de reapropriação da história coletiva, tanto pessoal quanto comunidade.
No nível técnico, é fascinante observar que o uso de bordados e colchas, historicamente percebido como artes “femininas”, faz parte de uma corrente de avaliação. Na França, por exemplo, uma tendência semelhante surge com artistas como Léa Lemaire, que reutilizam essas técnicas para abordar questões de gênero e identidade. Assim, além das fronteiras, os têxteis se tornam uma linguagem universal de resistência e reinvenção.
### Representação estatística e repercussões sócio -políticas
É relevante examinar o contexto socioeconômico em que esta exposição está localizada. De acordo com estudos da UNESCO, cerca de 80% dos artesãos que trabalham no setor têxtil na África Sub -Sara foram mulheres. No entanto, esses artesanatos continuam sub -representados nas galerias de arte contemporâneas, dificultando sua visibilidade em discursos artísticos e críticos. Ao exibir seus trabalhos, a Universidade de Pretória questiona essa dinâmica, apoiando histórias que há muito são ignoradas.
Questionar esta exposição também envolve reflexão sobre a economia criativa. O mercado global de arte têxtil está se expandindo; Isso representa uma oportunidade única para as comunidades aproveitarem sua herança cultural enquanto reivindicam sua identidade. Marcas como Mzansi, que trabalham com artesãos da África do Sul, representam uma nova onda feminista no setor. A exposição da universidade não está apenas ecoando as lutas passadas; Faz parte de um movimento maior redefinir a paisagem cultural contemporânea, a fim de abraçar a diversidade de vozes e histórias.
#### Conclusão: A RECITS Reinvenção
“Bokgabo Ba Mašela” não se limita a ser uma exposição simples; Aspira ser um espaço para reflexão e transformação. Ele oferece não apenas uma plataforma de visibilidade para histórias frequentemente invisíveis, mas também incorpora a exigência de uma curadoria consciente que incorpora experiências vividas, políticas e culturais. Ao celebrar o poder dos têxteis como um meio de expressão, a exposição abre uma porta para um futuro em que cada trabalho se torna carregando histórias, experiências e lutas, enquanto redesenham a história coletiva de uma nação em busca de sua verdadeira identidade. A questão permanece: que outras histórias estão esperando para serem tecidas no tecido cultural de nossas sociedades?