** A Revolução Cultural em Animação: A OLHAR de “Ban’a Mayi” de Maud-Salomé Ekila **
Nos últimos anos, o continente africano está crescendo em termos de criação artística. Os trabalhos audiovisuais, em particular, ocupa um lugar preponderante na redefinição das narrações culturais e de identidade. É nesse momento de renascimento cultural que o desenho animado “Ban’a Mayi” está escrito, assinado Maud-Salomé Ekila, que, não apenas representa a República Democrática do Congo (DRC) no Festival Pan-Africano do Cinema e da televisão de Oubagados (Fensaco).
### Um mergulho na identidade congolesa
“Ban’a Mayi” nos convida a mergulhar no mundo de Nia, Okelia e Shanti, três trigêmeos cujas aventuras simbolizam uma busca pela identidade e um apego às raízes. Essa escolha de narrar a história através do prisma do albinismo e paixão pela água é uma mensagem poderosa. Os trigêmeos, que evoluem em um ambiente frequentemente estereotipado, quebram as barreiras da representação, oferecendo uma figura positiva para crianças, especialmente aquelas que se sentem marginalizadas.
Através dessa animação, Ekila não se contenta em entreter; Ela ciente dos jovens congoleses sobre a importância de sua herança cultural e natural. Assim, a história ecoa uma profunda realidade: a de um país rico em recursos, mas regularmente no controle de conflitos ligados à sua exploração. Ao exibir imagens da RDC, da costa de Moanda às margens do lago Kivu, o filme se torna uma verdadeira ode à beleza e diversidade do país, enquanto enfatiza a urgência de preservar essa riqueza diante dos desafios ambientais.
### Animação como uma ferramenta de consciência
O que distingue “Ban’e Mayi” de outras produções é seu compromisso com a consciência. Onde muitos desenhos animados estão satisfeitos com narrações infantis superficiais, Ekila injeta uma dimensão militante em seu trabalho. Referências a figuras históricas como Patrice Lumumba ou Thomas Sankara não são simplesmente piscadeiras, mas lembretes comoventes do legado da luta e resistência que os jovens devem se apropriar.
Ao integrar músicas em Kikongo e Tshiluba, além de diálogos em suaíli e Lingala, o filme vai além das simples barreiras linguísticas. Ele incorpora uma visão inclusiva, respeitosa da diversidade lingüística e cultural congolesa. Ao promover essa polifonia linguística, “Ban’a Mayi” amplifica a voz da RDC no cenário internacional, participando de um vasto movimento de reminiscência de identidade através de produções audiovisuais africanas.
### Os desafios estruturais da indústria de animação na África
A ascensão do diretor Maud-Salomé Ekila em Fespaco também levanta a questão da dinâmica do apoio à indústria de animação na África. Os festivais pan -africanos e o Fespaco desempenham um papel crucial no destaque das produções cinematográficas locais, mas também exigem infraestrutura robusta e suporte criativo. No entanto, apesar do progresso notável de projetos como “Ban’a Mayi”, a animação na África ainda é amplamente subfinanciada em relação às expectativas.
Um estudo realizado pela Organização Internacional da La Francophonie estima que os investimentos em animação na África podem representar até 10% dos benefícios econômicos ligados à cultura nos próximos anos, o que ilustra a importância de encorajar e apoiar produções como o de Maud-Salomé Ekila.
### perspectivas futuras
O trabalho de Maud-Salomé Ekila contribui não apenas para a esfera cultural, mas também para a jornada de um jovem que aspira a emancipar pelo conhecimento e orgulho de suas origens. “Ban’e Mayi” poderia muito bem se tornar um modelo para futuras produções, onde a cultura e a educação estão interconectadas de maneira harmoniosa.
Ao se posicionar como um ator de mudança, Ekila incorpora a voz de uma nova geração de artistas africanos que desejam redefinir sua história. Em um cenário global, onde a identidade é frequentemente negociada com dificuldade, “Ban’e Mayi” não é apenas estabelecido como um filme para ver, mas como uma ferramenta para reflexão sobre nosso relacionamento com a cultura, a natureza e nosso lugar na herança coletiva.
Como os trigêmeos de Moanda, esse desenho animado lança luz no caminho de um futuro cheio de orgulho, identidade e comprometimento, valores essenciais para as gerações futuras. Em um mundo em mutação completa, o cinema de animação pode se tornar um poderoso vetor de mudança, desde que seja suportado por plataformas que favorecem a criação local e autêntica. Esse é o objetivo de “Ban ‘Mayi”: fazer a voz do Congo ouvir e inspirar o mundo a descobrir a riqueza de sua identidade.