** Confrontos assassinos em Sangé: Quando as lutas pelo poder minam a paz na RDC **
Em 25 de fevereiro, a tensão subiu de um entalhe na cidade de Sangé, localizada no território de Uvira, a leste da República Democrática do Congo (RDC). As forças armadas da República Democrática do Congo (FARDC) e milicianos de Wazalendo se confrontaram com uma questão -chave: a ocupação do antigo campo de Monusco, agora sob o controle do Wazalendo, após a retirada da missão da ONU. Esse novo confronto, que já registrou pelo menos oito mortos em apenas algumas horas, infelizmente ilustra a espiral de conflitos que afeta toda a região e destaca a importância crucial do gerenciamento de territórios pós-conflito.
### Um contexto volátil
A história desse conflito deve ser incluída na estrutura mais ampla da frágil estabilidade dos congolês Oriental. Desde a remoção da Monusco, uma missão que foi implantada por quase duas décadas, as lutas do poder estão se intensificando. O FARDC, que já havia abandonado a área devido à ofensiva dos rebeldes do M23, procura recuperar um acampamento agora ocupado pelo Wazalendo. Para este último, este campo representa não apenas uma posição estratégica, mas também um símbolo de sua autonomia e sua resistência à autoridade do Estado.
A situação é ainda mais complexa, uma vez que os Wazalendo são percebidos como atores locais desempenhando um papel duplo: por um lado, eles se opõem à intervenção do exército congolês e, por outro lado, afirmam defender a segurança das populações locais. Isso levanta uma questão crucial: até que ponto essa dualidade pode durar antes que as tensões sejam transformadas em uma guerra aberta para controlar as áreas estratégicas do país oriental?
### O peso da história e realidades socioeconômicas
Para entender melhor esses confrontos, é imperativo colocar em perspectiva o contexto socioeconômico da região. A RDC oriental é rica em recursos naturais, e essa riqueza atrai muitos atores, de grupos armados a empresas multinacionais. No entanto, apesar dessa abundância, a maioria da população vive em extrema pobreza, alimentando um solo fértil para conflitos.
Os conflitos anteriores na RDC, como as guerras do Congo entre 1997 e 2003, deixaram sequelas profundas. Essas guerras, que interessaram poderes regionais e internacionais, exacerbaram a instabilidade e a fragmentação de grupos armados. Hoje, os restos da época continuam a influenciar a dinâmica do poder. O que é reproduzido em Sangé é, portanto, fruto de uma herança destrutiva: a dificuldade de construir um estado sólido, capaz de monopolizar o uso da força e garantir a proteção de seus cidadãos.
### Estatísticas e consequências
Os números falam por si: de acordo com fontes humanitárias, os recentes confrontos em Uvira causaram a morte de pelo menos 27 pessoas, sem mencionar as dezenas de feridas. E agora, o balanço patrimonial em Sangé está aumentando com perdas confirmadas nos milicianos Fardc e Wazalendo. Esse ciclo de violência exige reflexão sobre o custo humano dos conflitos, mas também sobre seu impacto socioeconômico. As infra -estruturas de saúde, já precárias, estão sob pressão, e as consequências na vida cotidiana dos habitantes são devastadores.
Uma avaliação das perdas também mostra o colapso gradual de confiança entre a população e as instituições. O FARDC, que supostamente protege os civis, é frequentemente encontrado em desconfiança, enquanto milicianos, sejam eles percebidos como protetores ou atacantes, tenham enraizado no tecido social.
### para soluções sustentáveis
É imperativo que as autoridades congolitas, com o apoio da comunidade internacional, repensem sua abordagem a esses grupos armados. Uma estratégia que se concentra na reconciliação, na revitalização da economia local e na prestação de serviços públicos pode promover uma mudança positiva a longo prazo. As lições de intervenções passadas também devem ser levadas em consideração: em vez de impor soluções externas, é uma questão de iniciar um diálogo inclusivo envolvendo todas as partes interessadas, incluindo milícias comunitárias.
A situação em Sange está apenas marcando um estágio em um trágico ciclo de violência que persiste há décadas. A população deve se beneficiar de um espaço de segurança para se reconstruir e esperar um futuro melhor. A estabilidade não é apenas da RDC, mas de toda a região dos Grandes Lagos, onde os conflitos geralmente ressoam muito além de suas fronteiras.
Diante de conflitos tão enraizados, surge a pergunta: como restaurar a paz quando as próprias bases de coesão social e o estado estão ameaçadas? Se a história recente da RDC nos ensina algo, é porque é urgente reconsiderar nossa abordagem e investir definitivamente em paz e desenvolvimento.