Qual a importância da Lei Uniforme da OHADA para transformar cooperativas em motores de desenvolvimento na RDC?

### OHADA e as Sociedades Cooperativas: Um Passo Decisivo para a RDC

De 13 a 15 de janeiro de 2025, um evento significativo foi realizado em Kinshasa: um workshop liderado pelo Programa Alimentar Mundial (PMA) reuniu coordenadores provinciais do Serviço Nacional de Cooperativas e Organizações Camponesas (SNCOOP) da República Democrática do Congo ( RDC). Este evento teve como objetivo popularizar a Lei Uniforme da OHADA relativa ao Direito das Sociedades Cooperativas, uma iniciativa crucial para a integração e competitividade das cooperativas camponesas em todo o território nacional.

#### Um gesto histórico para a Europa e África

A OHADA, sigla para Organização para a Harmonização do Direito Empresarial em África, foi fundada na década de 1990 com o objectivo de uniformizar as regras jurídicas para os negócios nos seus estados membros. Agora, a RDC, como membro desta organização, tem a oportunidade de alcançar outros países da África Ocidental e Central que já fizeram progressos significativos no direito cooperativo. Ao contrário destes países, onde as cooperativas se estabeleceram como actores económicos valiosos, a RDC deve redobrar os seus esforços para desenvolver uma cultura de empreendedorismo cooperativo, muitas vezes considerada como pouco acessível.

#### Um contexto econômico frágil

A importância deste workshop não pode ser subestimada num país onde a maioria da população vive da agricultura. A RDC, dotada de enormes recursos naturais e de um potencial agrícola excepcional, ainda não consegue enfrentar os desafios da segurança alimentar e de uma economia formal em grande parte subdesenvolvida. Em 2020, um estudo do Banco Mundial revelou que menos de 5% das cooperativas congolesas estavam regularizadas e registadas, um número alarmante que sublinha a urgência do surgimento de uma economia cooperativa sólida, capaz de competir com os actores informais.

#### Treinamento: chave para a operacionalização

Blaise Lokwa Esselenga, chefe de departamento do SNCOOP, destacou a necessidade de dotar os coordenadores provinciais para que possam efectivamente registar as sociedades cooperativas. Tornar estas estruturas operacionais é uma questão essencial. A formação, combinada com a implementação do Acto Uniforme, deverá criar um ambiente mais propício à harmonização das práticas cooperativas na RDC e combater a informalidade persistente no sector.

#### Rumo a uma economia sustentável

Com a introdução de uma lei específica para as estruturas cooperativas, graças ao Acto Uniforme, as cooperativas puderam não só legalizar as suas actividades, mas também beneficiar de um quadro jurídico que hoje lhes falta. Além disso, ao reforçar o quadro institucional e jurídico, isto poderia ajudar a atrair financiamento externo. Cooperativas bem estabelecidas geralmente conseguem adquirir fundos por meio de empréstimos e investimentos, o que lhes permitiria aumentar suas capacidades de produção e expandir seu impacto na segurança alimentar.

#### Uma avaliação dos resultados esperados

Embora os primeiros resultados deste workshop pareçam promissores, a implementação eficaz continua sendo o verdadeiro desafio. As partes interessadas devem trabalhar juntas para garantir que as expectativas expressas neste evento sejam traduzidas em ações concretas. Levando em conta as especificidades locais e as diferentes realidades socioeconômicas das províncias, uma abordagem flexível e adaptada promoveria a integração de cooperativas em nível nacional.

Por fim, é fundamental lembrar que o treinamento por si só não é suficiente. O monitoramento e o comprometimento constantes das autoridades locais serão necessários para garantir a sustentabilidade desse movimento. Ao integrar as cooperativas à memória coletiva e às estruturas econômicas do país, a RDC poderia transformar um setor subexplorado em uma poderosa alavanca para o desenvolvimento.

A RDC está em um momento decisivo em seu desenvolvimento econômico e social. O futuro das cooperativas e do ambiente de negócios dependerá em grande parte dos esforços feitos nos próximos meses e anos para promover a regularização e apoiar os principais participantes no local. Um caminho cheio de armadilhas, mas não menos essencial.

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