Que reformas prisionais Constant Mutamba propõe para acabar com a complacência na RDC?

### Reforma prisional na República Democrática do Congo: Rumo a uma transformação profunda das prisões

O Ministro de Estado da Justiça e Guardião dos Selos, Constant Mutamba, tem sido recentemente alvo de crescente atenção da mídia após suas declarações sobre a reforma das prisões congolesas. Em um briefing em 6 de janeiro de 2024, ele delineou um programa ambicioso para limpar os centros de detenção, que são frequentemente criticados por suas duras condições de vida e disfunções notáveis. Ao fazê-lo, ele lança luz crucial sobre a necessidade de uma mudança estrutural urgente no sistema prisional congolês.

#### Uma situação crítica

As prisões na República Democrática do Congo há muito refletem uma crise no cerne do sistema judiciário e penitenciário. Com quase 85% dos presos aguardando julgamento, segundo dados da Organização Mundial contra a Tortura, o sistema prisional é incapaz de atender às demandas de justiça e respeito aos direitos fundamentais. Alegações de violência, corrupção e privilégios ilegais, que favorecem principalmente os presos ricos em detrimento dos pobres, criam um clima de flagrante injustiça.

Constant Mutamba não mencionou apenas uma série de medidas; Destacou uma política de profunda reorganização. Suas palavras sugerem um desejo de passar de um sistema marcado pela complacência para uma estrutura que combina rigor e humanidade. De fato, ao afirmar que “as prisões devem ser lugares de reabilitação e não de exclusão”, ele está enviando às autoridades um lembrete urgente da necessidade de restabelecer os valores fundamentais do tratamento prisional.

#### Medidas rigorosas para uma estrutura segura

Entre as medidas anunciadas estão a proibição estrita do uso de telefones ou da posse de objetos potencialmente perigosos, como facas e fogões. Isso levanta uma questão crucial: até que ponto essa abordagem pode realmente transformar profundamente a cultura prisional? As prisões devem ser reformatadas para garantir não apenas a segurança dos presos, mas também a dos funcionários da prisão e da sociedade em geral.

A aplicação de tais medidas também pode ser comparada aos sistemas prisionais de outros países da região. Por exemplo, o modelo sul-africano, com seus programas de reabilitação e educação, demonstrou que a reintegração de prisioneiros na sociedade pode se tornar uma realidade. Ao integrar programas de educação e treinamento vocacional, as prisões congolesas poderiam avançar para um modelo de estabelecimento cujo objetivo seria preparar o futuro dos prisioneiros em vez de prendê-los.

#### Os desafios a serem enfrentados

Contudo, a implementação bem-sucedida destas reformas requer uma abordagem sistémica. O estado da infraestrutura das prisões e os recursos limitados levantam a questão: como o governo planeja garantir condições de vida decentes para todos os prisioneiros e, ao mesmo tempo, aplicar padrões rigorosos? Os presos na prisão de Makala, por exemplo, muitas vezes operam em um sistema informal, onde aqueles que estão em melhor situação recebem serviços que outros não têm. A questão da equidade social, dentro do próprio sistema carcerário, permanece, portanto, no centro das preocupações.

Integrar essas reformas a um sistema de monitoramento e avaliação poderia não apenas melhorar as condições de vida, mas também dar visibilidade aos responsáveis ​​quanto ao impacto real das medidas implementadas. Além da resposta punitiva, é fundamental construir um modelo que priorize os direitos humanos e a reabilitação.

#### Rumo a um futuro mais justo

As declarações de Mutamba ressoam como um chamado à ação, um grito de guerra por um sistema prisional que, além da punição, promova a reabilitação dos prisioneiros. Isso envolveria conscientização, treinamento de funcionários da prisão e envolvimento da sociedade civil para defender os direitos dos prisioneiros.

Embora o ministro tenha refutado os rumores, sua presença já havia sinalizado uma mudança fundamental. Neste contexto, os próximos passos desta reforma serão decisivos. Para que um projeto tão ambicioso seja bem-sucedido, seria necessário envolver todas as partes interessadas, desde autoridades judiciais até ONGs e autoridades locais. Sem esse compromisso coletivo, existe o medo de que as promessas dêem lugar, como tantas outras, à retórica vazia.

A transformação do sistema prisional congolês é agora uma necessidade. É hora de ela tomar forma, não apenas por meio de decretos, mas também por meio de ações concretas que promovam um futuro onde a justiça, a dignidade e a reabilitação coexistam nas prisões do país. O futuro da justiça na República Democrática do Congo depende disso.

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