Por que a campanha da sociedade civil em Beni destaca a urgência de reformar um sistema educacional desconectado das realidades do mercado de trabalho?

**Beni: Educação em crise, diplomas desconectados da realidade**

No centro das preocupações em Beni, Kivu do Norte, uma campanha sem precedentes lançada por nove organizações da sociedade civil destaca um problema alarmante: estudantes estão obtendo diplomas sem terem adquirido as habilidades necessárias para entrar no mercado de trabalho. Samuel Don Katembo Sekanabo, representante da coalizão, ressalta que muitos estudantes abandonam os estudos ou mudam de opção com frequência, distorcendo assim sua preparação profissional. A situação levanta questões cruciais em relação à educabilidade, ao setor econômico e à coesão social em uma região já marcada pela instabilidade. Inspirando-se em modelos educacionais bem-sucedidos, como os da Finlândia e de Cingapura, a campanha visa iniciar uma reflexão coletiva para reformar o sistema educacional, integrando pais e empresas em um diálogo construtivo. Em um contexto em que o desemprego juvenil está atingindo novos patamares, é urgente restabelecer o equilíbrio entre diplomas e habilidades para garantir um futuro mais estável e próspero para os jovens de Beni.
**Beni: A luta contra os diplomas sem competências, uma questão crucial para o futuro dos jovens**

Em 7 de janeiro, nove organizações da sociedade civil em Beni, Kivu do Norte, lançaram uma campanha ousada chamada “Luta contra diplomas sem habilidades”. Esta iniciativa, que ressoa como um grito do coração diante de uma realidade preocupante, visa conscientizar os jovens estudantes sobre os perigos da orientação inadequada e da mudança de opções à medida que se aproximam do diploma do ensino médio. Mas esta questão vai muito além de uma simples campanha de informação; Ela levanta questões fundamentais sobre educação, emprego e coesão social em uma região já enfraquecida por crises recorrentes.

**Uma observação alarmante: estudantes, mas sem habilidades**

Samuel Don Katembo Sekanabo, ponto focal da coalizão, relata uma observação triste: os estudantes que chegam ao final do ciclo secundário muitas vezes não têm as habilidades necessárias para entrar no mercado de trabalho. Em um estudo cuidadoso com alunos do último ano do ensino médio, observou-se que muitos deles abandonam a escola ou mudam suas opções de forma irregular. Por exemplo, alunos que fizeram um curso de formação na seção Científica acabam validando seu ciclo com uma seção de Nutrição sem nenhuma compreensão real dos fundamentos dessa disciplina.

Diante dessa constatação, é legítimo questionar se esses estudantes estão realmente preparados para assumir as funções profissionais que eventualmente lhes serão confiadas. Considerando que o mercado de trabalho local, já devastado pelo alto desemprego, necessita de competências técnicas específicas, essa situação rapidamente se torna alarmante.

**Uma análise comparativa: o modelo educacional de outros países**

Em todo o mundo, países como Finlândia e Cingapura transformaram com sucesso seus sistemas educacionais concentrando suas iniciativas não na quantidade de graduados, mas na qualidade das habilidades transmitidas. Esses modelos enfatizam a educação focada na aprendizagem ativa, colaboração e pensamento crítico. Como resultado, os jovens graduados se beneficiam de uma preparação sólida para entrar no mercado de trabalho, diferentemente da realidade em Beni, onde os diplomas muitas vezes parecem desconectados das necessidades econômicas locais.

Surge então a questão de qual modelo educacional poderia ser adaptado a Beni para lidar com essa crise de habilidades. Uma abordagem que combine teoria e prática, ao mesmo tempo em que envolva mais partes interessadas do ambiente profissional no processo educacional, pode fazer a diferença.

**As consequências de uma educação inadequada: o espectro do desemprego**

O perigo a longo prazo desta situação de desemprego é preocupante.. De acordo com estatísticas do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), as taxas de desemprego juvenil em alguns países da África Subsaariana estão atingindo níveis recordes. Em Beni, onde as oportunidades de emprego já são limitadas pela instabilidade política e econômica, uma alta taxa de graduados sem qualificações pode gerar frustrações que alimentam tensões sociais.

De fato, os jovens sem qualificações adequadas correm o risco de recorrer à economia informal ou, pior ainda, de se juntar a grupos armados. As consequências não são apenas pessoais, mas se espalham pela sociedade, aprofundando os ciclos de pobreza e instabilidade.

**Rumo a uma consciência coletiva**

A campanha contra diplomas sem qualificações representa, portanto, um primeiro passo essencial para a conscientização coletiva. Ao estimular o debate sobre orientação educacional e a qualidade do ensino, as organizações da sociedade civil estão abrindo caminho para uma reforma cuidadosa do sistema educacional. No entanto, a luta deve ir além da simples conscientização.

Trata-se de envolver pais, professores e formuladores de políticas em um diálogo construtivo para repensar a educação em Beni. Programas de orientação profissional, estágios práticos em colaboração com empresas locais e avaliações regulares do conteúdo educacional podem ajudar a garantir que cada aluno que deixa o sistema educacional tenha realmente as habilidades necessárias para participar ativamente da sociedade.

**Conclusão: Um futuro a construir juntos**

Em suma, a campanha lançada em Beni é um sinal de alerta, mas também uma oportunidade a ser aproveitada para iniciar uma reflexão profunda sobre a educação e suas consequências na sociedade. O desafio é imenso, mas é nossa responsabilidade coletiva construir um futuro onde os jovens estejam munidos não apenas de um diploma, mas também de habilidades práticas e sólidas que lhes permitirão assumir o controle de seu destino. É unindo forças – sociedade civil, governo, setor privado e pais – que podemos transformar essa visão em realidade.

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