**Título: Mahagi em perigo: A milícia CODECO transforma colheitas em desespero**
Num contexto onde a segurança alimentar é essencial, o território de Mahagi, localizado na província de Ituri, enfrenta uma crise humanitária agravada pelo activismo violento da milícia CODECO. A observação é alarmante: em plena época de colheita agrícola, os habitantes de diversas localidades da chefia Panduru estão agora privados de acesso aos seus campos, fruto do seu árduo trabalho. A declaração do porta-voz da sociedade civil de Mahagi, Deogratias Udaga, destaca uma situação deplorável que requer atenção urgente.
### Um contexto histórico e socioeconómico preocupante
Ituri, uma região rica em recursos naturais, é há vários anos palco de conflitos armados que deixaram milhares de vítimas e deslocados internos. A milícia CODECO, inicialmente fundada para atender às exigências da comunidade, lentamente derivou para actos de violência e extracção, minando a economia local e mergulhando as comunidades num estado planeado de insegurança. As estatísticas das Nações Unidas revelam que cerca de 5,5 milhões de pessoas na República Democrática do Congo (RDC) sofrem actualmente de fome, um número que poderá piorar se o acesso à terra agrícola não for restaurado.
O impacto desta violência não é apenas imediato, mas também assume formas insidiosas: o ciclo de pobreza é reforçado e as crianças, muitas vezes forçadas a fugir, perdem não só a sua educação, mas também as suas oportunidades de emprego futuras. Este ciclo torna o apelo da sociedade civil, como o formulado por Udaga, mais essencial do que nunca.
### As consequências nas comunidades locais
O testemunho destes residentes não deve ser menosprezado. As localidades de Yagu, Pamone, Alii, Ahuu, Ambé e Rimba vivem diariamente um estado de sítio, onde o terror está gradualmente a desgastar os laços sociais tradicionais que uniam estas comunidades. As colheitas, que normalmente seriam motivo de celebração e recolhimento, tornaram-se fontes de angústia e desespero. O medo da violência impede famílias inteiras de regressarem às suas terras, deixando campos por colher, símbolos de uma economia prejudicada.
As perdas económicas causadas por esta situação são difíceis de estimar com precisão, mas estudos anteriores demonstraram que a estagnação da produção agrícola, aliada à violência, reduz consideravelmente o PIB local. Comparativamente, as regiões vizinhas onde os confrontos são menores estão a registar um crescimento viável que poderia servir de modelo para o renascimento de Mahagi.
### Rumo a uma solução duradoura
Os apelos de Deogratias Udaga não se limitam simplesmente a um pedido de intervenção militar. Destacam também a necessidade de reformas estruturais que abordem as causas profundas da violência: pobreza, marginalização e má governação. Em última análise, a solução residirá não apenas numa resposta militar, mas na promoção de diálogos interculturais e intercomunitários que possam acalmar as tensões.
As iniciativas para envolver os líderes comunitários na prevenção de conflitos já provaram a sua eficácia noutras regiões da RDC. Ao mesmo tempo, um programa de apoio psicológico e económico às vítimas da violência e da pobreza poderia criar centros de resistência contra a inércia das milícias.
### Um olhar para o futuro
No início deste ano, com as colheitas de Mahagi comprometidas pela insegurança, a necessidade de uma consciência global é mais premente do que nunca. Os governos, as organizações internacionais e até os cidadãos devem unir os seus esforços para restaurar a ordem e restaurar a dignidade das populações locais.
A luta contra a milícia CODECO é também uma luta pela resiliência comunitária. Se a RDC conseguir garantir a segurança dos cidadãos em Mahagi, poderá fornecer um modelo de governação e reconciliação que outros territórios problemáticos poderão seguir.
O caminho está repleto de armadilhas, mas, em última análise, trata-se de dar voz aos habitantes de Mahagi, restaurar o acesso aos recursos que lhes pertencem por direito e, acima de tudo, quebrar o ciclo vicioso de violência, promovendo a paz e o desenvolvimento. A próxima colheita poderá muito bem ser o símbolo de um renascimento, se a acção colectiva for implementada o mais rapidamente possível.