Na África, há um interesse crescente nas relações de alguns países com a Rússia e o Ocidente para manter laços cordiais sem serem arrastados para uma nova Guerra Fria. Recentemente, uma estátua dos líderes da companhia mercenária Wagner Group na Rússia, Yevgeny Prigozhin e Dmitru Utkin, foi inaugurada em frente ao centro cultural russo em Bangui, capital da República Centro-Africana (RCA).
Esta cerimónia, que contou com a presença do Chefe do Estado-Maior do Exército Centro-Africano, Zéphirin Mamadou, e do Ministro da Defesa, Claude Rameau Bireaux, destaca os esforços da Rússia para consolidar o seu apoio na RCA, enquanto a França procura melhorar a sua posição relações diplomáticas com o país, nomeadamente através de novos acordos de cooperação.
A presença de combatentes do Grupo Wagner na RCA remonta a 2018, quando o presidente Faustin-Archange Touadéra os convidou para ajudar a combater grupos rebeldes. Desde então, seus números aumentaram, fortalecendo a influência russa na região. A RCA se tornou um ponto focal para os interesses russos na África, com o aumento do destacamento de pessoal de segurança na Guiné Equatorial para proteger a presidência de Teodoro Obiang Nguema Mbasogo.
Este último, no poder desde 1979 e o segundo líder nacional não pertencente à realeza com mais tempo de mandato no mundo, está preparando sua sucessão com seu filho, Teodorín, atual vice-presidente. À medida que o país enfrenta desafios de governança e tentativas de golpe, a Guiné Equatorial recorreu à Rússia em busca de soluções de segurança, ecoando uma tendência regional.
A intervenção russa, que também se estende aos lucrativos mercados de mineração de ouro e comércio de armas, reflete a estratégia geral de Moscou de apoiar regimes que muitas vezes são isolados pelo Ocidente por causa de suas práticas autoritárias. Putin enfatizou em uma declaração recente que a Rússia nunca explorou os povos africanos, ilustrando o desejo do Kremlin de apresentar suas ações na África como benevolentes em comparação com as do Ocidente.
Apesar do aumento do comércio entre a Rússia e a África, a realidade econômica da Rússia limita sua capacidade de investimento a longo prazo. O comércio é focado principalmente em exportações, como máquinas, grãos e combustíveis fósseis, com o setor de defesa continuando sendo um pilar importante dessa dinâmica.
Essa expansão russa na África revela uma estratégia política complexa, focada na obtenção de apoio diplomático e alianças em nível internacional. Em busca de vozes favoráveis em vários organismos internacionais, a Rússia tenta consolidar sua influência no continente africano por meio de parcerias estratégicas e acordos bilaterais..
Em conclusão, o posicionamento da Rússia em África apresenta oportunidades económicas e importantes implicações políticas, ilustrando um equilíbrio complexo entre interesses nacionais, relações internacionais e segurança regional.