Num mundo em constante mudança, a África Central enfrenta grandes desafios que estão a moldar o seu futuro. Numa declaração recente perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas, Abdou Abarry, Representante Especial das Nações Unidas para a África Central, destacou os desafios das transições eleitorais e das crises climáticas na região.
A extensão do mandato da UNOCA e a adopção do Pacto para o Futuro estiveram no centro das discussões. Este Pacto fortalece o multilateralismo e visa promover a prevenção de conflitos, o desenvolvimento sustentável, os direitos humanos e a estabilidade regional.
Abdou Abarry sublinhou a importância de acompanhar de perto as transições eleitorais na África Central, defendendo eleições livres, inclusivas e pacíficas. Mencionou nomeadamente as próximas eleições no Chade, Burundi, Camarões, Gabão, República Centro-Africana, Congo e São Tomé e Príncipe.
Embora tenham sido feitos progressos na governação e na prevenção de conflitos, a instabilidade política continua a ser uma grande preocupação. As mudanças inconstitucionais de governo e o ressurgimento da insegurança ligada a grupos como o Boko Haram são particularmente preocupantes.
Ao mesmo tempo, a crise climática representa um grande desafio na região. Desde o início de 2024, quase todos os países da África Central foram afectados por fenómenos meteorológicos extremos, causando inundações mortais e devastadoras que afectaram mais de 3,2 milhões de pessoas. Estas catástrofes exacerbaram as tensões sociais e económicas na sub-região.
Abdou Abarry destacou o papel crucial da Bacia do Congo, o “segundo pulmão verde” do planeta, durante a COP29. No entanto, lamentou que menos de 15% dos compromissos financeiros internacionais com a África Central tenham sido honrados. Apelou a financiamento para proteger este ecossistema vital e reforçar a resiliência das pessoas na região.
É inegável que a África Central se encontra numa encruzilhada, enfrentando desafios complexos que exigem uma acção concertada e urgente. A comunidade internacional, os governos locais e os intervenientes da sociedade civil devem unir forças para enfrentar estes desafios e garantir um futuro melhor para esta região tão rica em potencial.