O colectivo de organizações da sociedade civil congolesa alertou recentemente para uma profunda crise de governação que assola a República Democrática do Congo, impactando negativamente todas as suas instituições. Com efeito, por ocasião do dia anticorrupção celebrado neste dia 9 de dezembro, estas organizações levantaram o véu sobre as consequências devastadoras da corrupção para o futuro do país.
Um dos pontos levantados diz respeito ao desvio de fundos destinados a centros de formação profissional, revelado num relatório da Inspecção-Geral de Finanças. Esta triste observação realça as questões cruciais que os jovens congoleses enfrentam, privados de formação adequada e de perspectivas de emprego, e expostos a práticas corruptas que correm o risco de serem perpetuadas.
Ao mesmo tempo, a sociedade civil está preocupada com a área da segurança, onde a corrupção é endémica, especialmente na cadeia de abastecimento militar e no tráfico de armas envolvendo certos oficiais. Esta situação mina gravemente a estabilidade do país e alimenta um ciclo vicioso de corrupção e insegurança.
A nível político e administrativo, a situação não é melhor, com nepotismo generalizado nas nomeações para cargos-chave e desvio maciço de fundos públicos. Esta cultura de impunidade e falta de responsabilização favorece o enriquecimento ilícito e encoraja os jovens desiludidos a aceitarem o mal como norma.
Perante esta observação alarmante, a sociedade civil apela ao fim da impunidade e à investigação aprofundada dos projectos falhados, bem como à publicação de auditorias às empresas públicas. É tempo de pôr fim a esta tendência moral que compromete o futuro da juventude congolesa e de tomar medidas concretas para combater a corrupção a todos os níveis.
Neste dia dedicado à luta contra a corrupção, o tema da mobilização juvenil ressoa de forma particular, convidando todos a envolverem-se activamente na inversão da tendência e na construção de um futuro melhor para a RDC. É mais imperativo do que nunca sensibilizar e educar a população, especialmente os jovens, para os armar contra as tentações da corrupção e do peculato.
Em última análise, a corrupção é um flagelo que abala os próprios alicerces da sociedade congolesa e compromete o seu desenvolvimento sustentável. Só a mobilização colectiva, o aumento da transparência e a vontade política inabalável poderão superar este flagelo e oferecer um futuro mais justo e próspero à juventude congolesa.