Fatshimetria
Durante uma comovente cerimónia realizada na Câmara Municipal de Joanesburgo, o governo sul-africano marcou um momento histórico ao devolver às suas famílias os restos mortais de vários activistas anti-apartheid que morreram no exílio, esta sexta-feira, 6 de Dezembro. Estes corpos, entre os restos mortais de 42 pessoas repatriadas da Zâmbia e do Zimbabué em Setembro passado, simbolizaram um acto de justiça póstuma para estes combatentes pela liberdade.
Os caixões contendo os restos mortais dos 42 activistas anti-apartheid repatriados para a África do Sul do Zimbabué e da Zâmbia foram recebidos durante uma cerimónia sóbria mas significativa na base aérea de Waterkloof, em Pretória, no dia 25 de Setembro. Estes heróis da luta contra o apartheid foram forçados a fugir do seu país para escapar à repressão do regime discriminatório em vigor.
Embora milhares de activistas anti-apartheid tenham perdido a vida no exílio, o regresso destes restos mortais continua a ser um acontecimento raro e precioso. Destacando a coragem e o empenho inabalável destes homens e mulheres que sacrificaram as suas vidas por uma causa justa, a repatriação destes corpos tem um significado profundo para as famílias e para toda a nação sul-africana.
Através da sua luta e sacrifício, estes activistas do ANC e do Congresso Pan-Africano encarnaram a resistência e a determinação face à opressão. Forçados ao exílio em países vizinhos como o Zimbabué, a Zâmbia, Angola e Moçambique, continuaram a sua luta pela liberdade a partir do estrangeiro, continuando a inspirar gerações inteiras de activistas e defensores dos direitos humanos.
Neste momento em que a África do Sul celebra 30 anos de democracia, o programa de repatriamento dos combatentes anti-apartheid que morreram no exílio assume particular importância. Ao homenagear a memória destes heróis que caíram em liberdade, o governo sul-africano reafirma o seu compromisso com a justiça e a reconciliação nacional, oferecendo às famílias a oportunidade de se reunirem com os seus entes queridos e prestar-lhes uma última homenagem.
Embora a repatriação dos restos mortais de militantes do Zimbabué e da Zâmbia seja um passo crucial, espera-se que o programa continue a incluir também os corpos dos combatentes enterrados em Angola. Muitos morreram em combate neste país vizinho, deixando um legado de coragem e determinação que merece ser honrado e preservado para as gerações futuras.
Paralelamente a esta cerimónia de restituição de corpos, ocorreu nessa mesma sexta-feira outro acontecimento significativo: a expulsão para a Polónia de Janusz Walus, o assassino do activista anti-apartheid Chris Hani. Este acto simbólico refere-se à necessidade de enfrentar o passado doloroso da África do Sul, procurando ao mesmo tempo construir um futuro baseado na justiça, na reconciliação e no respeito pelos direitos humanos..
Ao prestar homenagem a estes combatentes anti-apartheid e oferecer-lhes um enterro digno na sua terra natal, a África do Sul reafirma o seu compromisso com os valores da liberdade, igualdade e dignidade humana. Estes heróis da luta contra o apartheid ficarão para sempre gravados na memória colectiva do país, lembrando a todos o preço da liberdade e da justiça.