Fatshimetrie – O avanço dos grupos rebeldes em Aleppo, Síria
O recente desenvolvimento da ofensiva surpresa de grupos rebeldes em Aleppo, na Síria, coloca novos desafios e dilemas aos Estados Unidos e à comunidade internacional. Embora os rebeldes tenham assumido o controlo desta cidade estratégica, a situação levanta questões delicadas sobre o posicionamento das diferentes partes envolvidas no conflito sírio.
O porta-voz do Pentágono, major-general Pat Ryder, afirmou claramente que os Estados Unidos não estão de forma alguma envolvidos nas operações que ocorrem em Aleppo e arredores, lideradas por Hayat Tahrir al-Sham, um grupo designado como organização terrorista. Esta posição realça a complexidade do conflito sírio, com actores variados com objectivos por vezes contraditórios.
Por um lado, o governo sírio de Assad, apoiado pela Rússia, pelo Irão e pelo Hezbollah, enfrenta uma pressão crescente. Por outro lado, os grupos rebeldes, incluindo o HTS, levantam preocupações devido aos seus laços anteriores com organizações terroristas como a Al-Qaeda. Esta dualidade cria um dilema para os Estados Unidos, que tentam manter uma postura equilibrada enquanto prosseguem a sua missão de combater o Estado Islâmico na Síria.
O fundador do HTS, Abu Mohammad al-Jolani, tem um passado conturbado com afiliações à Al-Qaeda, levantando preocupações legítimas sobre as intenções e objetivos do grupo. Apesar das tentativas do HTS de se dissociar da Al-Qaeda, os Estados Unidos mantêm a sua classificação do grupo como organização terrorista, destacando as questões complexas da situação na Síria.
Paralelamente a estes desenvolvimentos, o Departamento de Estado dos EUA reafirmou as suas sanções contínuas contra o regime de Assad, sublinhando que não mudou o seu comportamento e continua a enfrentar acusações de violações dos direitos humanos. Esta posição visa pressionar o regime sírio para iniciar uma transição democrática, de acordo com as aspirações do povo sírio.
Neste contexto de tensões crescentes, quase 900 soldados americanos estão destacados na Síria como parte da missão anti-ISIS. Apesar da distância geográfica entre as suas operações e os confrontos em Aleppo, as forças americanas permanecem em contacto com as autoridades russas para evitar qualquer escalada desnecessária e prevenir o risco de desacordo.
A recente escalada dos combates em Aleppo levou à intervenção militar da Rússia, principal aliada do regime sírio, nas províncias de Aleppo e Idlib. Os Estados Unidos têm utilizado o seu canal de comunicação com a Rússia para manter linhas abertas de diálogo e evitar qualquer má interpretação que possa levar a um confronto direto entre as forças opostas..
Paralelamente a estes acontecimentos, as tropas americanas e aliadas na Síria são regularmente alvo de ataques, ilustrando o clima de instabilidade que reina no país há muitos meses. Apesar destes desafios, as forças dos EUA ainda não mudaram a sua postura na Síria, permanecendo comprometidas com a sua missão de contraterrorismo e estabilidade regional.
A situação na Síria permanece, portanto, complexa e incerta, com questões múltiplas e por vezes contraditórias para os intervenientes envolvidos. A comunidade internacional deve continuar a acompanhar de perto a evolução do conflito e procurar soluções diplomáticas para acabar com o sofrimento do povo sírio e encontrar uma solução política viável para este conflito devastador.