“No tumultuado mundo da vida política congolesa, um novo capítulo abriu-se esta segunda-feira, 4 de Novembro, com o início do julgamento relativo à sobrefacturação e desvio de fundos destinados à instalação de furos e iluminação pública em 1000 localidades da República Democrática do Congo. Um cenário de acusações e reviravoltas que abala os altos escalões do poder e desperta a indignação dos cidadãos”.
A abertura deste julgamento perante o Tribunal de Cassação foi marcada pelo aparecimento de dois arguidos envolvidos neste caso de grande envergadura: o antigo Ministro do Desenvolvimento Rural, François Rubota, e Mike Kasenga, chefe do consórcio Stever Construct Cameroun SARL e. Água Sotrad. No entanto, a notável ausência do antigo Ministro das Finanças, Nicolas Kazadi, lançou uma sombra sobre esta primeira audiência.
Florimond Muteba, presidente do Conselho de Administração do Observatório da Despesa Pública (ODEP), manifestou a sua incompreensão relativamente à não convocação de Nicolas Kazadi, sublinhando que esta omissão torna o julgamento incompleto. Sublinhou a importância do envolvimento de todos os intervenientes responsáveis nesta matéria para garantir a transparência e a justiça. Muteba criticou a continuação das imunidades parlamentares de Kazadi, sublinhando que a justiça não deve poupar ninguém, nem mesmo os mais altos dignitários do Estado.
Num país onde o sistema judicial é frequentemente criticado pela sua falta de independência e eficiência, este julgamento é de capital importância. Não se trata apenas de condenar os possíveis culpados, mas também de mostrar que a lei se aplica a todos, sem distinção de posição ou estatuto. As manifestações de activistas políticos e activistas em frente ao Tribunal de Cassação testemunham a expectativa e a esperança de uma nação inteira em busca de justiça e transparência.
É necessário lançar luz sobre estes casos de corrupção e de desvio de fundos que minam os próprios alicerces da sociedade congolesa. A responsabilização é essencial para restaurar a confiança dos cidadãos nas suas instituições e garantir um futuro melhor para o país. Cabe agora à justiça esclarecer estas acusações e garantir que as responsabilidades sejam estabelecidas de forma justa e imparcial. O Congo não pode permitir-se deixar impunes tais actos, que minam os esforços de desenvolvimento e comprometem o futuro de uma nação inteira.