**Preocupação crescente nos bairros de Ndosho, Mugunga e Kyeshero: quando as balas se tornam o ruído de fundo**
Na escuridão da noite, enquanto a cidade de Fatshimetrie parecia dormir pacificamente, os habitantes dos distritos de Ndosho, Mugunga e parte de Kyeshero foram mais uma vez abalados por uma série de fortes tiros, ressoando até tarde da noite de sábado, 30 de novembro. para domingo, 1º de dezembro. Uma cena tragicamente familiar nesta região, onde o som das balas se tornou o triste refrão de uma população feita refém pela violência.
Em casa, quando as balas assobiam ao longe, as conversas congelam, as crianças são mandadas às pressas para a cama, convidadas a fechar os olhos para um mundo que se tornou um pesadelo. O sono é um refúgio frágil para os mais novos, perturbados pelos ecos perturbadores das armas de fogo. O cansaço do dia a dia se mistura com a ansiedade das noites agitadas, criando um coquetel de ansiedade para esses moradores habituados a viver na insegurança.
Claude Rugo, presidente da sociedade civil da comuna de Karisimbi, sublinha o absurdo desta situação que se está a tornar rotineira. “Não é normal que a população esteja exposta a tais perigos, deixada à própria sorte face a tiroteios incessantes que perturbam a paz e a tranquilidade dos nossos bairros”, protesta. A inércia das autoridades locais deixa um sabor de amargura na boca dos moradores, desiludidos com um silêncio ensurdecedor em resposta às noites pontuadas por balas perdidas.
Um pai, preocupado com a segurança dos seus entes queridos, não pode deixar de questionar a falta de reação das autoridades a esta violência que se insinua nos lares. A resiliência dos moradores é testada, obrigados a regressar à sua vida quotidiana pela manhã, com o peso das noites conturbadas ainda fresco nas suas mentes. “Estamos condenados a nos acostumar com esse terror noturno?” ele pergunta, cansado da impunidade que reina como um véu escuro sobre esses bairros devastados.
Enquanto as redes sociais fazem eco destes tiroteios noturnos, a população tenta tranquilizar-se, partilhando a sua preocupação numa onda de solidariedade virtual. Mas por trás dos ecrãs, é uma comunidade vulnerável que luta na escuridão da incerteza, procurando em vão respostas para perguntas sem voz.
A normalização da violência não pode ser tolerada como um dado adquirido, salientamos com razão, porque cada bala perdida é um atentado à dignidade e à segurança destes moradores exaustos pela violência que ocorre todas as noites à sua porta. A urgência de uma acção firme e concertada é mais premente do que nunca, à medida que o terror nocturno continua a assombrar as ruas de Fatshimetrie, transformando as balas num triste ruído de fundo no coração destes bairros devastados..
À espera de um despertar de consciência e de uma verdadeira gestão desta crise de segurança, os habitantes de Ndosho, Mugunga e Kyeshero permanecem suspensos entre a esperança de um amanhã pacífico e o medo das rajadas nocturnas que ameaçam a sua tranquilidade. A paz não é um luxo, mas um direito fundamental que todos os cidadãos deveriam poder reivindicar, longe do barulho das armas e do silêncio das autoridades.