A observação é clara: a contínua depreciação do Naira no mercado internacional suscita preocupações entre os analistas financeiros que temem uma erosão ainda mais grave do seu valor. Com efeito, a moeda local manteve a tendência descendente, atingindo ontem a cotação de 1.710 Nairas por 1 dólar americano no mercado paralelo, contra 1.690 Nairas do dia anterior. Entretanto, no mercado oficial, o Naira também perdeu terreno, sendo negociado a 1.660 Nairas por dólar, face aos 1.659 Nairas do dia anterior.
Um relatório do Banco Mundial publicado no início da semana também classificou o Naira entre as piores moedas do mundo em 2024 em termos de desempenho.
De acordo com David Adonri, analista e presidente executivo da Highcap Securities Limited, “o Naira foi severamente atingido pela sua persistente depreciação desde o ano passado, após a sua flutuação. No entanto, muitas distorções ainda rodeiam o seu valor, uma vez que o Banco Central continua a influenciar indirectamente o seu preço. , frustrando assim o mecanismo de mercado que deveria alocar dinheiro de forma eficiente.
As razões para os problemas da moeda local são múltiplas, segundo Adonri: “A situação precária da economia, o enorme défice fiscal, o endividamento público excessivo, bem como o declínio nas receitas em divisas enfraqueceram o Naira”.
Para melhorar o desempenho, menciona a necessidade de o governo reduzir as despesas correntes, equilibrar o seu orçamento e mobilizar factores de produção nacionais para reduzir drasticamente as importações. Ele também destaca a ligação entre o valor do Naira e a taxa de inflação, enfatizando que é levando a sério o lado da oferta da economia que a inflação pode ser combatida.
Tunde Abidoye, Chefe de Pesquisa de Ações da FBNQuest Securities, acredita que os esforços para fortalecer o Naira devem começar com um aumento na produção de petróleo bruto. Concorda com as conclusões do Banco Mundial sobre o fraco desempenho do Naira a nível global e identifica medidas necessárias para a sua consolidação, em particular o aumento das exportações de produtos não petrolíferos e o desenvolvimento das exportações de serviços.
Nnamdi Nwizu, co-fundador da Comercio Partners, enfatiza o aumento da produção de petróleo como forma de fortalecer o Naira, defendendo também a reestruturação da economia para uma economia orientada para a exportação no sector industrial.
Ayodeji Ebo, MD/Diretor Geral da Optimus by Afrinvest, refere-se à responsabilidade pela livre flutuação do Naira na situação atual, indicando que diversas variáveis económicas dificultam a sua flutuação. Sublinha assim a importância da gestão flutuante controlada, permitindo ao Banco Central desvalorizar intermitentemente para garantir o planeamento empresarial face a uma procura cada vez maior de dólares.
As diferentes opiniões expressas convergem para a necessidade de ações concertadas para fortalecer o Naira, destacando medidas tanto a curto prazo (aumento da produção petrolífera) como a médio prazo (diversificação das exportações) para estabilizar e aumentar o valor da moeda nacional. Este grande desafio económico exige medidas vigorosas e uma abordagem multidimensional para inverter a tendência actual e restaurar a confiança nos mercados financeiros locais e internacionais.