Simone Veil, figura emblemática da história política francesa, deixou a sua marca com o seu comovente discurso proferido na Assembleia Nacional em 26 de novembro de 1974, quando era Ministra da Saúde. Este discurso será lembrado como um importante ponto de viragem na luta pelos direitos das mulheres em França.
Diante de uma assembleia predominantemente masculina, Simone Veil discursou para defender um projeto de lei que visava autorizar o aborto, prática então proibida e criminalizada pela lei em vigor. Ela foi capaz de expressar com força e convicção a realidade dos 300.000 abortos clandestinos realizados todos os anos em França, destacando os riscos e perigos que as mulheres enfrentam na ausência de um quadro jurídico.
O discurso de Simone Veil foi fruto de muitos anos de luta feminista pelo direito das mulheres de controlarem seus corpos. Desde Maio de 68 até às manifestações pela contracepção e pelo aborto, as mulheres mobilizaram-se para exigir a sua liberdade de escolha em matéria de maternidade. Simone Veil incorporou essa luta, carregando nos ombros o peso da história e das lutas do passado.
Ao evocar o manifesto das 343 putas publicado em 1971, o caso Bobigny em 1972 e as reivindicações feministas das décadas anteriores, Simone Veil afirmou a necessidade de uma mudança de mentalidades e de leis para garantir às mulheres o direito ao aborto em condições seguras e legais.
O discurso de Simone Veil chocou as consciências e marcou uma viragem na história dos direitos das mulheres em França. Ao defender a causa do aborto com coragem e determinação, ela lançou as bases de uma sociedade mais justa e igualitária, onde as mulheres podem finalmente exercer plenamente a sua liberdade de escolha e a sua autonomia.
Hoje, ao relembrarmos as palavras de Simone Veil e o impacto do seu discurso histórico, prestamos homenagem a uma mulher excepcional que soube mudar o curso da história e abrir caminho para uma sociedade mais respeitadora dos direitos e da dignidade das mulheres. O seu legado permanece vivo e inspirador, lembrando-nos que cada ato de coragem e convicção pode ajudar a promover os direitos fundamentais e a justiça para todos.