No panorama político sul-africano, a questão da responsabilidade política tem estado recentemente no centro dos debates, especialmente no seio do partido ANC. Bheki Mtolo, secretário provincial do ANC em KwaZulu-Natal, proferiu um discurso político notável, apelando à responsabilidade colectiva dentro do partido e apontando o dedo a todos os seus líderes pelo fraco desempenho do ANC nas eleições gerais de 29 de Maio.
Mtolo opôs-se à ideia de que o comité executivo provincial (PEC) deveria ser dissolvido devido à perda de KwaZulu-Natal pelo partido nas eleições. Sublinhou que a derrota do ANC não pode ser atribuída apenas à província de KwaZulu-Natal, argumentando que o declínio do partido começou muito antes e afectou todo o país desde 2009.
Não há como negar que o ANC perdeu terreno a nível nacional ao longo dos anos, e Mtolo foi rápido em salientar que o desastre eleitoral do ANC não poderia ser atribuído apenas à região de KwaZulu-Natal. Ele disse que o fraco desempenho do partido na província era um reflexo de um problema maior que afectava o ANC a nível nacional.
Sublinhando a necessidade de responsabilidade partilhada, Mtolo sublinhou a importância de todos os membros e líderes do ANC, desde as bases até às estruturas nacionais, aceitarem a sua quota-parte de responsabilidade nesta difícil situação. Apelou a uma análise aprofundada dos erros cometidos e a uma consciência colectiva da responsabilidade de todos pelo declínio do ANC.
A comparação com o general confederado Robert E. Lee, que assumiu a responsabilidade pela derrota dos sulistas na Guerra Civil Americana, foi usada por Mtolo para enfatizar a importância de uma liderança responsável e da capacidade de reconhecer os próprios erros. Segundo ele, o ANC precisa de uma liderança que não procure descartar-se, mas que aceite as consequências das suas decisões.
Neste contexto, a reunião planeada do PEC e as possíveis mudanças futuras na liderança provincial de KwaZulu-Natal devem ser vistas como passos cruciais para assumir a responsabilidade colectiva e uma revisão muito necessária dentro da ANC. A pressão recai agora sobre os líderes partidários para que reconheçam os seus erros e restaurem a confiança perdida do público.
Em conclusão, a questão da responsabilidade política é essencial no processo de reconstrução do ANC e de restauração da sua credibilidade aos olhos do eleitorado. Só a consciência colectiva e um desejo sincero de mudar as coisas permitirão ao partido recuperar a sua grandeza passada e corresponder às expectativas daqueles que nele depositaram a sua confiança.