Relatório especial: Nos bastidores da moção de censura contra o Ministro das Infraestruturas e Obras Públicas da RDC
O clima político na República Democrática do Congo está actualmente sob tensão, na sequência da apresentação de uma moção de censura contra o Ministro das Infra-estruturas e Obras Públicas, Alexis Gisaro. Esta moção, iniciada por um grupo de 57 deputados, destaca diferenças dentro da União Sagrada, a coligação governante.
As críticas dirigidas a Alexis Gisaro estão ligadas ao preocupante estado das infra-estruturas do país. Os deputados que assinaram a moção denunciam um número significativo de obras lançadas e abandonadas, bem como projetos nunca iniciados, como “Kinshasa zero hole” e “Tshilejelu”. Apontam o dedo à incapacidade do ministério de concretizar o desejo presidencial de melhorar as condições de vida dos congoleses.
A reação de Vital Kamerhe, presidente da Assembleia Nacional e membro da União Sagrada, foi firme, mas comedida. Embora tenha rejeitado qualquer envolvimento pessoal na moção, insistiu na necessidade de respeitar os procedimentos parlamentares. Sublinhou os riscos de divisão que esta situação poderia gerar no seio da maioria parlamentar. Na verdade, este movimento de desafio foi iniciado sem consulta prévia de outros parceiros políticos, pondo assim em perigo a coesão da coligação governante.
Dentro do UDPS, o partido do Presidente Félix Tshisekedi, levantaram-se vozes para negar qualquer envolvimento nesta moção. O deputado Daniel Aselo, secretário-geral adjunto da UDPS, declarou que o partido nunca tomou uma decisão colectiva neste sentido. Estas declarações destacam as tensões e mal-entendidos que actualmente reinam na classe política congolesa.
Esta moção surge após um questionamento do Ministro Alexis Gisaro perante a Assembleia Nacional, onde as suas respostas foram consideradas insatisfatórias por muitos deputados. Estes acontecimentos evidenciam um clima de desconfiança e vigilância em relação à gestão de infra-estruturas e projectos públicos na RDC. O respeito pelos procedimentos parlamentares e o debate transparente são essenciais para a estabilidade política do país.
Em conclusão, a iniciativa desta moção de censura levanta questões cruciais sobre a governação actual e a capacidade do governo para responder às necessidades da população. A unidade e a transparência são elementos-chave para superar os obstáculos políticos e garantir o desenvolvimento sustentável e equitativo da República Democrática do Congo.