Este ano, todos os olhares estavam voltados para o Níger, onde se realizou uma conferência de solidariedade a favor da Aliança dos Estados do Sahel (AES), que reúne o Mali, o Burkina Faso e o Níger. Este evento, intitulado Conferência de Solidariedade com os Povos do Sahel, visa prestar apoio aos países que ficaram isolados da comunidade internacional na sequência dos recentes golpes de estado.
Criada em Setembro passado, na sequência da crise do Níger, a Aliança dos Estados do Sahel é uma confederação económica e de defesa que atraiu a atenção da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) que ameaça intervir.
O movimento de solidariedade do Sahel também recebeu apoio de organizações de base nos vizinhos Benim e Gana.
Durante esta conferência, Ali Moussa, do Gabão, expressou dúvidas sobre a eficácia da democracia em África. Ele observa que, apesar de 60 anos de independência, faltam infra-estruturas básicas, como estradas e água. Levanta questões cruciais sobre o bem-estar dos cidadãos e o acesso a serviços essenciais, como a educação. Estas palavras revelam um grito de alerta sobre a urgência de ações concretas para o desenvolvimento das populações africanas.
As discussões centraram-se também no papel das mulheres na luta contra o imperialismo e o neocolonialismo. Inem Richardson, fundadora do Centro Thomas Sankara em Ouagadougou, sublinhou a importância da unidade de todos os africanos nesta luta. Destaca o papel fundamental que as mulheres podem desempenhar, dado o seu número significativo e o seu potencial como actores de mudança e revolução.
Mohamed Sekou Doro, presidente do comité de apoio à Aliança dos Estados do Sahel no Níger, elogiou a liderança dos três países participantes na Aliança, chamando-os de “visionários”. Destaca a importância de defender os interesses das mulheres e das crianças, incentivando ao mesmo tempo a sua emancipação e o seu bem-estar.
Os recentes golpes de Estado no Mali, Burkina Faso e Níger foram impulsionados pelo descontentamento generalizado com líderes estreitamente ligados à antiga potência colonial França. Estes acontecimentos foram marcados por uma persistente instabilidade de segurança, especialmente devido a ameaças de grupos islâmicos.
As novas autoridades procuraram alternativas aos seus antigos parceiros ocidentais, voltando-se, em vez disso, para países como a Rússia, a Turquia e o Irão. Este desenvolvimento realça um desejo de independência e mudança nas relações internacionais, ao mesmo tempo que coloca grandes desafios em termos de segurança e governação na região do Sahel..
Em conclusão, a conferência de solidariedade com os Estados do Sahel destacou questões cruciais para África, incluindo a necessidade de promover o desenvolvimento sustentável, a igualdade de género e a cooperação regional para enfrentar os desafios actuais. Estes intercâmbios realçaram a voz do povo do Sahel e a sua busca por soluções para um futuro melhor.