Fatshimetrie: A polémica em torno da revisão constitucional na RDC

Fatshimetrie: A polémica em torno da revisão constitucional na RDC

A República Democrática do Congo está abalada por uma acesa controvérsia na sequência do debate sobre a revisão da Constituição lançado pelo Presidente Félix Tshisekedi. Esta iniciativa suscitou forte oposição de diversas figuras políticas, sociais e intelectuais do país. Os críticos manifestam-se unanimemente contra o que consideram uma tentativa de manipulação destinada a alargar o poder do presidente para além do seu actual mandato, apoiando-se numa interpretação contestada do artigo 217.º da Constituição.

Moïse Katumbi, antigo candidato presidencial, denuncia esta abordagem, acusando-a de pretender “permanecer no poder para além deste segundo mandato usurpado”. Segundo ele, o Presidente Tshisekedi está a utilizar fraudulentamente o Artigo 217.º para justificar os seus desígnios. Esta visão é partilhada por Martin Fayulu, outra figura da oposição, que descreve esta interpretação como “manifestamente absurda”. Afirma que o artigo em questão visa na verdade promover a unidade africana e de forma alguma legitimar uma transferência de soberania, alertando assim contra os potenciais abusos desta revisão constitucional.

O vencedor do Prémio Nobel da Paz, Denis Mukwege, também falou sobre o assunto, alertando para o perigo que esta iniciativa representa para a democracia na RDC. Denuncia um ataque às liberdades fundamentais e uma deriva autoritária que ameaça todo o país. Delly Sesanga e Claudel-André Lubaya seguem a mesma linha ao denunciarem, respectivamente, a busca por ganhos pessoais e o risco de um golpe constitucional orquestrado pelo Presidente Tshisekedi.

Perante esta unanimidade da oposição, é claro que a revisão da Constituição suscita preocupações legítimas na sociedade congolesa. Os vários actores políticos, sociais e intelectuais concordam em denunciar uma tentativa de remodelação constitucional que poderá comprometer o progresso democrático e a integridade nacional do país.

É, portanto, crucial que os cidadãos congoleses se mobilizem para proteger as bases democráticas do seu país e garantir que qualquer modificação da Constituição respeite os princípios da transparência, legitimidade e boa governação. É necessária vigilância face a este grande desafio que põe em causa o futuro da democracia na RDC.

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