O caso do antigo primeiro-ministro guineense, Ibrahima Kassory Fofana, que é actualmente objecto de processos judiciais sob a acusação de desvio de fundos públicos e enriquecimento ilícito, levanta questões críticas sobre a equidade e a justiça do sistema judicial na Guiné.
Desde a sua detenção, em Abril de 2022, Ibrahima Kassory Fofana, actualmente hospitalizado, deverá ser ouvido por um juiz do CRIEF, órgão de repressão de ilícitos económicos e financeiros criado pela junta no poder para combater a corrupção. A decisão de entrevistar o arguido no seu leito de doente provocou reacções apaixonadas por parte dos advogados de defesa e da parte civil.
Por um lado, Me Amadou Babahen Camara, advogado da parte cível, defende a legalidade da decisão do juiz, afirmando que os direitos dos arguidos são respeitados. Para ele, é fundamental que a justiça seja feita de forma justa, mesmo que isso signifique deslocar-se até à cabeceira do arguido para ouvir a sua versão dos factos.
Por outro lado, Me Sidiki Bérété, advogado de defesa, denuncia o tratamento reservado ao seu cliente, argumentando que este deve ter o direito de tratar-se com dignidade antes de ser confrontado com a justiça. Insiste na importância de um julgamento justo e contraditório, sublinhando que qualquer pressa correria o risco de prejudicar a dignidade do arguido.
A complexidade deste caso reside também nas questões políticas que o rodeiam, uma vez que o antigo primeiro-ministro e dois outros ex-ministros do regime de Alpha Condé também são alvo de acusações semelhantes. O contexto político na Guiné, marcado pela instabilidade e pelas recentes mudanças no poder, acrescenta uma dimensão adicional a esta questão.
Em última análise, este caso destaca os desafios que o sistema de justiça guineense enfrenta na sua luta contra a corrupção e a impunidade. A necessidade de assegurar procedimentos transparentes e justos que respeitem os direitos de todos é crucial para garantir a confiança dos cidadãos no Estado de direito e na justiça. A forma como este caso é tratado terá, sem dúvida, um impacto significativo na percepção da justiça na Guiné e na luta contra a corrupção no país.