No dia 14 de setembro de 2024, em Rennes, uma manifestação em apoio a Gisèle Pelicot reuniu manifestantes exibindo sinais comoventes, exigindo justiça e apoio a esta septuagenária vítima de violência doméstica. No meio da multidão, uma placa se destacava com sua forte mensagem: “Se não é ‘sim’, então é ‘não’”. Este grito de guerra ressoou como um apelo à sensibilização colectiva sobre a questão do consentimento e da violência sexual.
Esta manifestação reflectiu uma realidade preocupante revelada por um vasto estudo publicado pelo Instituto Nacional de Saúde e Investigação Médica (Inserm) e pela ANRS Infectious Diseases. Esta pesquisa sobre o “contexto das sexualidades na França 2023” destacou a evolução da vida sexual dos franceses e destacou tendências preocupantes.
Os dados recolhidos pintaram um quadro complexo da sexualidade em França. Se a idade da primeira relação sexual tendia a aumentar, com um fenómeno a subir para 18,2 anos para as mulheres e 17,7 anos para os homens em 2023, outros indicadores eram mais alarmantes. Observou-se um aumento no número de parceiros, com uma diversificação das práticas sexuais, mas uma redução na frequência das relações sexuais para alguns.
Ao mesmo tempo, a questão da violência sexual foi destacada no estudo. Os números revelaram um aumento preocupante nas experiências de sexo forçado, com 29,8% das mulheres e 8,7% dos homens a relatarem ter sofrido uma forma de violência sexual em 2023. Estes números, um claro aumento em comparação com 2006, realçaram a dimensão do problema. e a necessidade de medidas urgentes para proteger as vítimas.
Ao mesmo tempo, a pesquisa destacou uma evolução nas normas em torno do consentimento, influenciada por movimentos sociais como o #Metoo. Estes desenvolvimentos, embora tragam esperança para uma melhor compreensão e prevenção da violência sexual, também revelaram a importância de aumentar a sensibilização e educar sobre estas questões cruciais.
Em suma, este estudo destacou a complexidade das questões ligadas à sexualidade e à violência sexual em França. Convidou a uma reflexão profunda sobre as normas sociais e o comportamento individual, com o objectivo de construir uma sociedade mais justa e respeitadora de todos.