O recente decreto que exige que os médicos especifiquem a patologia do paciente nas prescrições médicas gerou uma onda de controvérsia dentro da profissão médica. Assinado pelo primeiro-ministro Michel Barnier, este sistema visa regular as práticas de prescrição médica, incentivando os médicos a justificar as suas escolhas de tratamento. No entanto, esta medida suscita preocupações quanto ao seu impacto na relação de confiança entre o médico e o seu paciente, bem como na liberdade dos médicos prescreverem.
O objetivo declarado deste decreto é combater o abuso de receitas medicinais “fora das recomendações” da Alta Autoridade de Saúde. Ao tornar obrigatória a menção da patologia diagnosticada na prescrição, o governo pretende garantir a entrega de medicamentos e garantir cuidados adaptados às necessidades dos pacientes. No entanto, muitos profissionais de saúde veem esta medida como um ataque ao sigilo médico e à independência dos profissionais.
Os médicos manifestam a sua insatisfação com esta interferência na sua prática médica diária. Com efeito, a especificação da patologia numa receita pode ser entendida como uma violação do sigilo médico, pondo assim em perigo a relação de confiança entre o médico e o seu paciente. Além disso, esta nova restrição administrativa corre o risco de restringir a liberdade de prescrição dos médicos, forçando-os a justificar as suas escolhas de tratamento de uma forma padronizada e restritiva.
Para o Dr. François Vincent, pneumologista e professor da Universidade de Limoges, esta medida levanta grandes questões éticas. Segundo ele, a medicina deve ser antes de tudo uma disciplina ao serviço do paciente e qualquer obstáculo à liberdade de prescrição dos médicos pode comprometer a qualidade dos cuidados prestados. Apela a um diálogo construtivo entre as autoridades de saúde e os profissionais médicos para encontrar soluções concertadas que respeitem a ética médica.
Em conclusão, este decreto sobre a especificação da patologia nas prescrições médicas suscita debates legítimos em torno da liberdade de prescrição dos médicos e do respeito pelo sigilo médico. É essencial encontrar um equilíbrio entre a necessidade de garantir práticas de prescrição e o respeito pela independência profissional dos médicos. Permanece aberto o debate sobre como esta medida poderia ser implementada de forma a conciliar os imperativos de saúde e os princípios éticos fundamentais da profissão médica.