Num espectacular turbilhão de nomeações, Donald Trump, recém-eleito Presidente dos Estados Unidos, revelou uma série de escolhas para compor o seu governo. Escolhas que suscitaram espanto, até medo, tanto pela sua excentricidade como pelas possíveis repercussões na governação do país. Entre os nomeados mais surpreendentes está Elon Musk, o visionário à frente da Tesla e da SpaceX, escolhido para liderar um novo departamento encarregado de cortar orçamentos e agências governamentais. Esta nomeação levanta grandes preocupações éticas, especialmente devido aos potenciais conflitos de interesses que isso poderia criar, dados os laços estreitos de Musk com o setor federal.
Da mesma forma, a nomeação de Vivek Ramaswamy, ex-candidato presidencial republicano, para acompanhar Musk neste departamento denominado “Ministério da Eficácia do Governo”, deixa dúvidas quanto aos reais objectivos desta nova entidade, cuja missão de aconselhamento externo parece bastante vaga. Além disso, a nomeação de Pete Hegseth, estrela do apresentador da Fox News e fervoroso apoiante do Presidente eleito, para o cargo de Secretário da Defesa levanta questões sobre a sua experiência estratégica na gestão do exército mais poderoso do mundo.
O governador do Dakota do Sul, Kristi Noem, nomeado secretário da Segurança Interna, e John Ratcliffe, antigo director interino da Inteligência Nacional, nomeado para liderar a CIA, são outras escolhas surpreendentes que pressagiam um clima de incerteza sobre o futuro das principais agências governamentais. A nomeação de Mike Huckabee, âncora da Fox News e antigo governador do Arkansas, como embaixador dos EUA em Israel também está a suscitar fortes reacções, especialmente devido às suas posições controversas sobre o conflito israelo-palestiniano.
Esta onda de nomeações segue-se a uma eleição que dividiu profundamente o país e demonstra o desejo de Donald Trump de se rodear de personalidades atípicas, até mesmo contestadas, para concretizar a sua visão política. Perante este quadro sem precedentes, os cidadãos americanos interrogam-se sobre as possíveis consequências destas escolhas na governação do país e nas relações internacionais da principal potência mundial. Os próximos meses prometem, portanto, ser marcados pela incerteza e pela espera, enquanto a administração Trump toma forma gradualmente, revelando um rosto singular e enigmático, para dizer o mínimo.