**O julgamento do colapso da Rue d’Aubagne: uma busca por justiça e reparação**
Desde o trágico desabamento dos edifícios da Rue d’Aubagne, em Marselha, há seis anos, uma cidade inteira aguarda impacientemente o julgamento, uma espécie de marco crucial para uma comunidade ainda traumatizada. Este evento judicial extraordinário terá lugar na sala de julgamento excepcional do tribunal judicial de Marselha, com capacidade para acomodar até 400 pessoas.
A singularidade deste julgamento reside no seu considerável impacto emocional na população, no elevado número de partes civis envolvidas (87 até à data), bem como na sua duração e complexidade, sublinhado pelo presidente do tribunal judicial, Olivier Leurent.
Mas como é que estes dois edifícios, localizados a poucos passos do Porto Velho, desabaram num instante no dia 5 de novembro de 2018, causando a perda de vidas inocentes? Esta questão estará no centro dos debates, perante os três magistrados responsáveis por julgar os 16 arguidos.
Entre os acusados estão vários coproprietários do edifício habitado, que negligenciaram trabalhos cruciais de segurança, um administrador que ignorou os avisos dos inquilinos e um perito que realizou uma avaliação superficial do edifício poucos dias antes da tragédia. Acrescenta-se a esta lista um funcionário municipal eleito responsável pelo combate à habitação insalubre, cuja má gestão dos relatórios levanta questões sobre potencial negligência.
O senhorio social da cidade, Marseille Habitat, também é intimado pelo seu suposto papel na deterioração de um dos edifícios. A investigação aponta para uma “atitude de esperar para ver” motivada por considerações financeiras, revelando assim uma série de disfunções que levaram a esta tragédia.
Para as famílias das vítimas, como demonstra o testemunho comovente de Liliana Lalonde, uma mãe enlutada, este julgamento representa esperança de justiça e prevenção de futuras tragédias. A expectativa é imensa, movida pelo desejo de que tais tragédias nunca mais aconteçam. Esta busca de justiça é uma questão crucial para a memória dos desaparecidos e para a segurança dos habitantes de Marselha.
Para além da excitação causada por este julgamento, a questão das habitações precárias em Marselha continua a ser uma grande preocupação. Milhares de pessoas continuam alojadas em condições precárias, o que nos lembra a urgência de tomar medidas para garantir uma habitação segura e digna para todos.
Este julgamento, apesar da sua importância, representa apenas um passo na luta contra a habitação precária. Destaca a necessidade de uma acção colectiva e duradoura para proteger os mais vulneráveis e evitar novas tragédias. Neste sexto aniversário da tragédia, os familiares das vítimas e as associações de defesa dos direitos continuam mobilizados, lembrando que a luta pela justiça não tem trégua.