**Fatshimetrie: nas manchetes da violência sexual em locais de deslocados em Bunia, na RDC**
Há vários meses que a cidade de Bunia, na República Democrática do Congo, é palco de uma situação alarmante: a violência sexual e de género que se espalha desenfreadamente nos locais onde vivem pessoas deslocadas. A Solidariedade das Mulheres para a Paz e o Desenvolvimento Integral (SOFEPADI) publicou recentemente números alarmantes, revelando que mais de metade dos casos registados no último trimestre vieram destes locais precários.
A promiscuidade em abrigos improvisados é apontada como um dos principais factores que favorecem estes actos hediondos. As famílias são forçadas a viver amontoadas em pequenos espaços, sem qualquer privacidade, o que cria uma maior vulnerabilidade, especialmente para mulheres e crianças. Noella Alifwa, coordenadora da SOFEPADI, alerta para a gravidade da situação, sublinhando que os casos de violência sexual continuam a aumentar.
As consequências desta promiscuidade não se limitam apenas à violência sexual, mas também impactam a educação das crianças. Testemunhos comoventes de pessoas deslocadas falam da vergonha e do desconforto sentidos face a esta realidade quotidiana. Os pais encontram-se desamparados, incapazes de proteger os seus filhos destas condições de vida precárias que dificultam o seu desenvolvimento.
A presença de mães solteiras e de casos de prostituição para sobrevivência nestes locais deslocados é outro aspecto preocupante da situação em Bunia. As condições de vida precárias e a falta de perspectivas levam algumas pessoas a fins desesperadores, colocando em risco a sua saúde física e mental.
Perante esta crise humanitária que se desenrola no meio da indiferença geral, é imperativo que as autoridades competentes tomem medidas concretas para proteger as populações vulneráveis. A sensibilização, a criação de estruturas de acolhimento adequadas e o reforço dos mecanismos de prevenção são essenciais para pôr fim a esta violência inaceitável.
Como sociedade, é nosso dever mobilizar-nos para apoiar as vítimas, denunciar os autores da violência e trabalhar em conjunto para um futuro onde cada indivíduo possa viver em segurança e dignidade. Porque a dignidade humana não pode ser sacrificada no altar da indiferença.