O governo de coligação do presidente sul-africano Cyril Ramaphosa foi recentemente abalado por planos para conceder acesso sem visto a diplomatas e funcionários governamentais ucranianos. Um anúncio feito pelo Ministro da Administração Interna, Leon Schreiber, membro de um partido político diferente do do presidente, suscitou reações contraditórias no seio da classe política.
Segundo Schreiber, a Ucrânia é um “aliado valioso” da África do Sul, justificando assim a decisão de facilitar a entrada de cidadãos ucranianos sem visto. No entanto, a presidência reagiu rapidamente, salientando que este anúncio tinha sido feito prematuramente, antes de ser oficialmente autorizado pelo próprio Ramaphosa.
As tensões políticas estão a aumentar à medida que o Congresso Nacional Africano (ANC) no poder e o partido Aliança Democrática (DA) de Schreiber discordam nas relações com a Rússia. A declaração do Presidente Ramaphosa qualificando Vladimir Putin de “aliado e amigo valioso” na recente cimeira dos BRICS atraiu críticas da AD, que já condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia.
O porta-voz de Ramaphosa, Vincent Magwenya, sublinhou que o apoio à Rússia não significa oposição a qualquer outro país. A África do Sul defende um processo de paz entre Moscovo e Kiev, favorecendo a plena participação de ambas as partes.
Embora a África do Sul tenha uma política de não-alinhamento, o ANC tem laços históricos estreitos com a Rússia. O Ministro das Relações Internacionais, Ronald Lamola, reuniu-se recentemente com o seu homólogo ucraniano e indicou que o acordo de vistos entre os dois países ainda não foi finalizado.
Esta controvérsia realça as divisões políticas dentro do governo sul-africano e realça as tensões em torno das relações internacionais, particularmente face à crise entre a Rússia e a Ucrânia. À medida que a África do Sul procura preservar as suas alianças históricas, deve também encontrar um equilíbrio delicado na promoção da paz e da cooperação num contexto global complexo e em mudança.