A situação política na Guiné sob o regime militar do Coronel Mamadi Doumbouya está a causar grande preocupação e controvérsia. Desde o golpe de Estado que derrubou o Presidente Alpha Condé em 2021, o país viveu uma profunda crise política marcada por medidas autoritárias e pela ausência de perspectivas eleitorais claras.
Numa série de desenvolvimentos recentes, as autoridades guineenses decidiram dissolver dezenas de partidos políticos e colocar dois dos principais partidos da oposição sob observação. Estas ações lançaram uma luz dura sobre o estado precário da democracia na Guiné e suscitaram críticas nacionais e internacionais.
A dissolução de 53 partidos políticos e a vigilância de outros 54 durante um período de três meses representam uma escalada sem precedentes na repressão política na Guiné. Estas medidas foram justificadas pela necessidade de “limpar a cena política” de acordo com o Ministério da Administração Territorial e Descentralização, mas foram amplamente percebidas como tentativas de amordaçar a oposição e consolidar o poder existente.
Entre os partidos sob observação estão o Rassemblement du Peuple Guinéen, o partido do antigo Presidente Alpha Condé, e a União das Forças Democráticas da Guiné, um importante partido da oposição. As razões apresentadas incluem o incumprimento de procedimentos internos, a falta de transparência financeira e o não cumprimento dos prazos para a realização de congressos.
Esta repressão política insere-se num contexto mais amplo de resistência ao regresso à democracia na Guiné. Desde que o Coronel Doumbouya assumiu o poder, o país tem vivido uma série de convulsões políticas, com decisões unilaterais que põem em causa as conquistas democráticas obtidas após décadas de regimes autoritários.
A comunidade internacional, especialmente a CEDEAO, manifestou preocupação com a deterioração da situação política na Guiné e apelou a um rápido regresso a um processo eleitoral inclusivo e transparente. Apesar da pressão externa, o Coronel Doumbouya manteve uma linha dura, rejeitando qualquer interferência estrangeira e afirmando a soberania do país sobre os seus próprios assuntos.
Esta crise política na Guiné levanta questões fundamentais sobre o futuro da democracia na África Ocidental e destaca os desafios que os países em transição política enfrentam. Com eleições previstas para 2025, a Guiné encontra-se numa encruzilhada, entre o autoritarismo e a democracia, entre a repressão e a liberdade.
É urgente que os actores nacionais e internacionais redobrem os seus esforços para garantir um processo democrático justo e transparente na Guiné, e para permitir que o povo guineense escolha livremente os seus líderes e construa um futuro estável e democrático para todos.