No tumulto político que actualmente anima a cena congolesa, uma grande controvérsia agita o país: a questão da revisão da Constituição. Enquanto o Presidente Félix Tshisekedi considera esta possibilidade, uma oposição cada vez mais unida levanta-se contra o plano, alertando para as consequências potencialmente devastadoras de tal medida.
O opositor Moïse Katumbi, um fervoroso defensor da integridade constitucional, denuncia veementemente qualquer tentativa de modificar a lei fundamental do país. Ele insiste que o verdadeiro problema reside na governação e não na própria Constituição. Segundo ele, alterar a Constituição não resolveria de forma alguma os desafios que a RDC enfrenta, mas poderia, pelo contrário, abrir caminho para tensões sociais adicionais.
Por seu lado, Martin Fayulu, uma figura importante da oposição congolesa, vai ainda mais longe ao acusar Félix Tshisekedi de brincar com fogo. Salienta que o país deve sobretudo enfrentar desafios urgentes como a preservação da sua integridade territorial, o combate à pobreza e à insegurança, bem como o respeito pelos direitos humanos. Para Fayulu, uma revisão da Constituição apenas desviaria a atenção dos problemas reais que a RDC enfrenta.
A CENCO, uma instituição religiosa influente na RDC, também expressa as suas reservas relativamente a qualquer modificação da Constituição. Para Donatien Nshole, secretário-geral da CENCO, tal abordagem poderia agravar a instabilidade social e de segurança do já frágil país. Ele alerta para os riscos de tal iniciativa num contexto em que o país enfrenta inúmeras tensões e crises.
Perante esta oposição feroz, o UDPS, o partido no poder, mobilizou as suas tropas a favor da revisão constitucional. Augustin Kabuya, secretário-geral da UDPS, defende esta iniciativa como uma promessa eleitoral e insiste na sua legitimidade. No entanto, esta posição do partido no poder realça as profundas divisões que actualmente atravessam a sociedade congolesa.
Para além das divisões políticas, a questão da revisão da Constituição levanta questões cruciais sobre o futuro democrático da RDC. Entre as aspirações de alguns de consolidar o poder existente e os receios de outros relativamente a potenciais abusos, o debate promete ser acalorado e complexo. Neste contexto, a sociedade congolesa deve demonstrar vigilância e responsabilidade para preservar a integridade das suas instituições e o respeito pelos seus princípios democráticos.