Debates acalorados em torno de uma nova Constituição na República Democrática do Congo

Em Outubro de 2024, a iniciativa do Presidente congolês Félix-Antoine Tshisekedi Tshilombo de reformar a Constituição provoca reacções divididas. O partido ENVOL opõe-se vigorosamente a este projecto, considerando que trai a memória dos activistas pró-democracia. Por outro lado, os apoiantes de Tshisekedi vêem esta reforma como uma oportunidade para modernizar as instituições e responder aos desafios actuais. A questão constitucional divide profundamente a cena política congolesa, destacando a necessidade de um debate aberto e respeitoso para alcançar um consenso nacional. A capacidade do presidente de unir e convencer apesar das divisões políticas será decisiva para o futuro democrático do país.
Neste mês de Outubro de 2024, o anúncio do chefe de Estado congolês, Félix-Antoine Tshisekedi Tshilombo, sobre a criação de uma comissão responsável por propor uma nova Constituição adaptada às realidades do país, provocou uma onda de reacções contrastantes dentro do país. Classe política congolesa.

Por um lado, o partido ENVOL, liderado por Delly Sesanga, opõe-se firmemente a esta iniciativa presidencial. O Secretário-Geral deste partido, Maître Rodrigue Ramazani, expressou a sua firme oposição durante uma entrevista recente. Ele sublinhou particularmente que esta proposta de modificação constitucional seria uma traição à memória dos activistas pró-democracia que perderam as suas vidas durante as manifestações contra a mudança da Constituição pelo antigo regime de Kabila.

Segundo Maître Ramazani, o contexto atual não permite que tal projeto seja considerado com tranquilidade. Ele acredita que as prioridades dos congoleses residem noutro lado e apela ao Presidente Tshisekedi para que respeite o quadro constitucional, deixando o poder no final do seu segundo mandato. Esta posição radical reflecte um sentimento generalizado de desconfiança nos líderes políticos, alimentado por décadas de governação marcada pela corrupção e pela instabilidade.

Por outro lado, os apoiantes do chefe de Estado apoiam a abordagem presidencial, vendo-a como uma oportunidade para modernizar as instituições e responder aos desafios actuais do país. Sublinham a necessidade de adaptar a Constituição à evolução social, económica e política no Congo. Para eles, esta reforma seria um passo crucial para a consolidação da democracia e o fortalecimento do Estado de direito.

Perante estas posições divergentes, parece claramente que a questão constitucional divide profundamente a cena política congolesa. Entre a defesa da herança democrática e o desejo de reforma, os riscos são elevados e as tensões palpáveis. A capacidade do Presidente Tshisekedi para unir e convencer apesar das divisões políticas será crucial para o futuro democrático da República Democrática do Congo.

Esta situação realça a importância de um debate aberto e construtivo, que respeite as opiniões divergentes, para alcançar um consenso nacional sobre esta questão constitucional. Porque é na diversidade de pontos de vista e no confronto de ideias que se traçam os contornos de uma sociedade democrática e pluralista, onde o respeito pelas instituições e pelos cidadãos prevalece sobre os interesses partidários.

Em última análise, o anúncio do Presidente Tshisekedi abre caminho para debates essenciais para o futuro da democracia congolesa. Perante os grandes desafios que estão a surgir, a responsabilidade dos actores políticos e da sociedade civil é promover o diálogo construtivo e inclusivo, a única garantia de uma transição democrática bem sucedida.

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