Revisão constitucional na RDC: entre questões políticas e aspirações democráticas

O Presidente congolês Félix Tshisekedi criou recentemente uma surpresa ao lançar um apelo à revisão da Constituição durante uma reunião em Kisangani. Ele levantou a necessidade de adaptar a lei fundamental do país às realidades locais, destacando as fragilidades da atual Constituição escrita “no exterior e por estrangeiros”. Este anúncio provocou reações contraditórias dentro da classe política congolesa.

A União para a Democracia e o Progresso Social (UDPS), o partido presidencial, declarou-se publicamente a favor desta reforma constitucional. Augustin Kabuya, secretário-geral da UDPS, defendeu esta posição insistindo na necessidade e prometeu a criação de uma comissão nacional responsável por propor uma nova Constituição elaborada pelos congoleses.

No entanto, esta iniciativa encontrou forte oposição de certos actores políticos, incluindo Moïse Katumbi, uma figura importante da oposição congolesa. Manifestou reservas sobre este projecto de revisão constitucional, enfatizando a necessidade de dar prioridade à questão da boa governação e da luta contra a corrupção, em vez de se concentrar numa modificação da lei fundamental.

A questão desta reforma constitucional está, portanto, no centro dos debates na República Democrática do Congo. Se por um lado o Presidente Tshisekedi e a UDPS defendem a necessidade de adaptar a Constituição às especificidades congolesas, por outro lado, alguns opositores temem que esta revisão sirva para reforçar os poderes presidenciais em detrimento das instituições democráticas.

É essencial que esta reforma seja realizada de forma transparente, inclusiva e consultiva, a fim de ter em conta os interesses de toda a população congolesa. Em vez de nos concentrarmos numa revisão puramente formal da Constituição, é essencial enfrentar os problemas estruturais que dificultam o desenvolvimento do país, como a corrupção, a má governação e as desigualdades socioeconómicas.

Em última análise, a questão da revisão constitucional na República Democrática do Congo coloca grandes desafios e levanta questões sobre a direcção que o país deseja tomar no seu futuro. É imperativo que as decisões tomadas nesta área sejam orientadas pelo interesse geral e pelo desejo de garantir a democracia e a estabilidade política no país.

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